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Título: A narrativa psicoterapêutica : uma investigação a partir de Paul Ricoeur
Autor(es): Gama, Jane Borralho
Orientador(es): Martins, Francisco Moacir de Melo Catunda
Assunto: Ricoeur, Paul, 1913-2005
Discurso
Paciente psiquiátrico
Psicoterapia
Data de publicação: 9-Dez-2014
Referência: GAMA, Jane Borralho. A narrativa psicoterapêutica: uma investigação a partir de Paul Ricoeur. 2014. 140 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
Resumo: A narrativa psicoterapêutica: uma investigação a partir de Paul Ricoeur é o tema desta tese, que, fundamentada no pensamento de Ricoeur, tem por objetivo investigar a ordem composicional do discurso na clínica. Temos por hipótese que, no discurso clínico, o paciente, ao narrar a si mesmo, busca dar significação à experiência vivida, configurando sua história. Neste trabalho, propomos que tal configuração seja entendida como a arte de compor o discurso narrativo, por meio do diálogo, em que acontece a ressignificação no reconhecimento e compreensão de si mesmo. Na premissa de que as marcas afetivas das experiências interferem na percepção do acontecimento, pesquisamos a narrativa clínica para melhor definir entre o real e o irreal. Na clínica, a narrativa é história ou ficção? Para tanto, consideramos o real como o acontecimento passado e o irreal como a experiência erigida nas imagens da lembrança, sob a compreensão de que as sensações e percepções impressas no corpo próprio constroem as narrativas. Objetivamos constituir o discurso narrativo sob a linguagem da ação, o que resultou no estudo dos pressupostos: semânticos, pragmáticos e hermenêuticos. A narrativa, na clínica, por ser oral, se dá por meio de atos do discurso no instante presente, mas se distende entre o tempo passado e o tempo futuro; sendo dialógico, o discurso dá-se na relação interlocutória com o psicoterapeuta. Os discursos clínicos são narrativas nas quais o paciente manifesta a relação com os outros, com o mundo à sua volta e com a sua própria história – história reveladora de razões, intenções, causas e motivos. Constitui tarefa clínica procurar interpretar e compreender as expressões linguísticas, de modo a desvelar o “sentido escondido” sob um “sentido aparente”. A linguagem referente à ação está no cerne da composição narrativa, bem como nos atos do discurso que expõem significações da linguagem com a qual o paciente interpreta a si mesmo. O paciente, ao dar significação à experiência, é capaz de se reconhecer como autor de suas ações e de construir narrativas, suscitando a ideia de uma história de vida que não é totalmente ficção nem verdade factual. Trata-se, antes, de uma história configurada com base nos acontecimentos reais impressos no corpo próprio por marcas afetivas que podem ser significadas e ressignificadas, motivando o paciente a novas ações na constituição da estima de si mesmo. ______________________________________________________________________________ ABSTRACT
The psychotherapeutic narrative: an investigation from Paul Ricoeur’s thinking is the subject of this thesis which, founded in Ricoeur’s thinking, aims to investigate the compositional order of the discourse in the clinic. The hypothesis is that the patients’ discourse in the clinic, by narrating themselves, aims to give signification to the lived experience, configuring their history. This work proposes that such configuration is understood as the art of composing the narrative discourse through dialog, in which the re-signification occurs in the recognition and understanding of themselves. In the assumption that affective marks of experiences interfere in the perception of the event, the narrative in the clinic was investigated to better distinguish between the real and the unreal. In the clinic, is the narrative fact or fiction? The real was considered as the past event and the unreal as the experience constructed in the images of the memory, under the understanding that sensations and perceptions imprinted in the own body build the narratives. The goal is to constitute the narrative discourse in the language of action, which resulted in the study of semantic, pragmatic, and hermeneutic assumptions. The narrative in the clinic, for its oral nature, takes place through acts of discourse in the present moment, but extends between the past time and the future time; being dialogic, the discourse takes place in the interlocutory relationship with the psychotherapist. The discourses in the clinic are narratives in which the patients manifest the relationship with others, with the world surrounding them, and with their own history—a history which reveals reasons, intentions, causes, and motives. Seeking to interpret and understand the linguistic expressions so as to unveil the “hidden meaning” under an “apparent meaning” constitutes a clinical task. The language referent to the action is in the core of the narrative composition, and also in the acts of discourse that expose significations of the language with which patients interpret themselves. Patients, by giving signification to the experience, are capable of recognizing themselves as authors of their actions and of building narratives, bringing about the idea of a history of life that is not completely fiction nor factual truth. It is rather a history configured as based on real events imprinted in the own body by affective marks that can be signified and re-signified, thus motivating the patients to new actions of building their self-esteem. ______________________________________________________________________________ RÉSUMÉ
La narrative psychothérapeutique: recherche menée à partir de Paul Ricœur, telle est la thématique de cette thèse qui, essentiellement fondée sur la réflexion de Ricœur, a pour objectif de s’interroger sur l’ordre compositionnel du discours en clinique. Pour hypothèse, nous considérerons que dans un contexte de discours clinique, lorsqu’il fait la narration de soi-même, le patient cherche à donner du sens à l’expérience vécue, configurant ainsi son histoire. Dans cet ouvrage, nous proposerons qu’il faut percevoir une telle configuration comme étant l’art de composer le discours narratif au moyen du dialogue, dans lequel se produit la resignification par la reconnaissance et la compréhension de soi-même. Selon la prémisse d’interférence des marques affectives des expériences sur la perception du fait survenu, nous avons enquêté la narrative clinique, de façon à établir une meilleure définition entre le réel et l’irréel. En clinique, le récit est-il histoire ou fiction ? Pour ce faire, nous avons considéré comme réel un fait survenu passé et comme irréel toute expérience érigée dans les images de la mémoire, assumant que les sensations et les perceptions imprimées sur le propre corps construisent les narratives. Notre objectif est de construire le discours narratif au moyen du le langage de l’action, ce qui nous a amené à étudier les présupposés sémantiques, pragmatiques et herméneutiques. La narrative, en clinique, parce qu’elle est orale, a lieu au moyen d’actes du discours dans l’instant présent, mais elle se distend entre le temps passé et le temps à venir ; elle est dialogique, alors même que le discours se joue dans la relation d’interlocution avec le psychothérapeute. Les discours cliniques sont des narratives dans lesquelles le patient exprime le rapport avec les autres, avec le monde autour de lui et avec sa propre histoire – une histoire révélatrice de raisons, d’intentions, de causes et de motifs. En clinique, il convient de chercher à interpréter et à comprendre les expressions linguistiques, de façon à dévoiler « le sens caché » sous « un sens apparent ». Le langage qui se réfère à l’action se trouve au cœur de la composition narrative, de même que les actes du discours, qui exposent les significations du langage avec lequel le patient s’interprète à soi-même. Lorsqu’il donne du sens à l’expérience, le patient est capable de se reconnaître en tant qu’auteur de ses actions et de construire des narratives, suscitant l’idée d’une histoire de vie, qui n’est ni entièrement fiction, ni pure vérité de fait. Car en vérité, il faudra surtout y voir une histoire configurée sur la base des faits réels impriméssur le corps propre au moyen de marques affectives qui peuvent être resignifiées, motivant ainsi le patient à de nouvelles actions dans la constitution de sa propre estime. _____________________________________________________________________________ RESUMEN
La narrativa psicoterapéutica: una investigación a partir de Paul Ricœur es el tema de esta tesis, que, fundamentada en el pensamiento de Ricœur, tiene por objetivo investigar el orden de composición del discurso en la clínica. Nuestra hipótesis es que, en el discurso clínico, el paciente, al narrarse a sí mismo, busca dar significado a la experiencia vivida, configurando su historia. En este trabajo, proponemos que dicha configuración se entiende como el arte de componer el discurso narrativo, a través del diálogo, en que se da la resignificación en el reconocimiento y comprensión de sí mismo. Con la premisa de que las marcas afectivas de las experiencias interfieren en la percepción del acontecimiento, estudiamos la narrativa clínica para delimitar mejor lo real y lo irreal. La narrativa en la clínica, ¿es historia o ficción? Para ello, consideramos real el acontecimiento pasado e irreal la experiencia erigida, en las imágenes del recuerdo, desde el entendimiento de que las sensaciones y percepciones impresas en el propio cuerpo construyen las narrativas. Nuestro objetivo es constituir el discurso narrativo bajo el lenguaje de la acción, lo que resultó en el estudio de presupuestos semánticos, pragmáticos y hermenéuticos. La narrativa, en la clínica, por ser oral, se da a través de actos del discurso en el instante presente, pero se extiende entre el tiempo pasado y el tiempo futuro; al ser dialógico, el discurso se da en la relación de interlocución con el psicoterapeuta. Los discursos clínicos son narrativas en las que el paciente manifiesta su relación con los demás, con el mundo que le rodea y con su propia historia, una historia reveladora de razones, intenciones, causas y motivos. La tarea clínica consiste en procurar interpretar y comprender las expresiones lingüísticas, con el fin de desvelar el «sentido escondido» bajo un «sentido aparente». El lenguaje referente a la acción está en el meollo de la composición narrativa, así como en los actos del discurso que exponen significados del lenguaje con el que el paciente se interpreta a sí mismo. El paciente, al dar significado a la experiencia, es capaz de reconocerse como autor de sus acciones y de construir narrativas, suscitando la idea de una historia clínica que no es totalmente ficción ni verdad fáctica. Más bien, se trata de una historia configurada sobre la base de los acontecimientos reales impresos en el propio cuerpo por marcas afectivas que pueden ser significadas y resignificadas, motivando al paciente a nuevas acciones en la constitución de la estima de sí mismo.
Unidade Acadêmica: Instituto de Psicologia (IP)
Departamento de Psicologia Clínica (IP PCL)
Informações adicionais: Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2014.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
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