O sociodrama pedagógico e a educação em saúde : possibilidades de diálogo e compartilhamento de sabores e de práticas

Abstract

O autor elabora uma reflexão crítica do ponto de vista de quem, do lado de fora do campo do sociodrama, detecta possibilidades de sua utilização como método pedagógico nas práticas de informação, educação e comunicação em saúde. Busca-se a aplicação no cotidiano do trabalho de profissionais da área da saúde, cujas formações universitárias omitem essas práticas. Parte se de um paradigma que se baseia no reconhecimento da necessidade de uma ação interdisciplinar que atinja vários níveis do cotidiano dos atores no processo saúde doença, chegando à detecção de um tremendo potencial no sociodrama. A contribuição do sociodrama vai muito além do resgate da criatividade e da espontaneidade. Há aportes relacionados com o fato de serem as dinâmicas emínentemente interativas e intersubjetivas em que a ação­ expressão e a sensação podem estar presentes simultaneamente. De forma semelhante às abordagens lúdicas, resgata-se a continuidade existente entre as esferas individual e social (internalizada) bem como o trabalho da emoção e da carga simbólica associada ao sentimento, evidenciada.c. por Vygotsky, O autor faz uma revisão de possíveis interfaces teóricas e práticas com vertentes científicas e artísticas que fazem de Moreno um pós-moderno precoce. Há também laços com o interacionismo simbó1ico e sua definição interrsubjetiva da realidade, com a fenomenologia, com o estud'> da dinâmica de grupos de Lcwín e com o construcionísmo nas ciências sociais. Destaca-se a dimensão política implícita em uma prática mais horizontal e democrática, semelhante à pedagogia preconizada por Paulo Freire. Anota se como grande desafio} e talvez como seu limite. a maneira de trabalhar com as macro-estruturas sociais, já que não basta solucionar problemas indíviduais e micro sociais, quando os mesmos podem ser apenas epifenômenos da exclusão social decorrente de estruturas perversas. Aponta-se como possível caminho o investimento na noção de cidadania plena que deve nortear as práticas pedagógicas do sociodrama, o que evitaria o reducionismo implícito em psicologismos estéreis e alienantes tão distantes dos objetivos da promoção em saúde. _______________________________________________________________________________________________ ABSTRACT

The author, an outsider on the field of sociodrama, carries out critica! reftections on possíbilities of íts uti1ization as a method for practíces of ínfonnation, education and communication on Health. This ana1ysís aims the possibility of its implementation on the daily work of health workers, whose training usually lacks this practice. The author starts from a paradigm based on the realization of the need of an interdisciplinary approach to day-life problems of the target actors on the Health•Disease Process, reaching the tremendous potentialities of pedagogical sociodrama. lts contribution goes beyond the rescue of creativity and spontaneíty. lts dynamical work is deeply interactive and intersubjective. sínce action-expression ans sensation can be present simultaneously. Also, in a similar way to Judie dynamics, the contínuum between individual and social-internalized realms is recognized. Sociodrama deals also with emotions and the symbolic load associated to sentíments, which are fundamental principies on Vygotsky's work. The author recalls various possíble theoretical and practicallinks between Moreno's pioneer work and scientífic streams. There are links of sociodrama with symbolic ínteractionism and íts intersubjective definition of reality, with phenomenology, with Lewin's study of the dynamics of groups interaction, and with social constructivism on social sciences. Also, the political dimension implicit in a more democratic and horizontal practice of education is highlighted, since it recaHs Paulo Freire's pedagogy. Perhaps sociodrama's main Jímitation is the way in which it deals with the social macro-strutural realm. It is not enough to solve individual and micro social issues, if they represent epiphenomena of social exclusion as a resuit of perverse struclures. In order to solve this issue, it is recommended to have in mínd, as a goal for pedagogical sociodrama, the restítution of whole citizenship to ac!Ors. This will avoid the reductionism of sterile and alienant psychologisms, pushed away from the objectives of health promotion.