Museus utópicos : curadorias poéticas

Abstract

Esta tese discute a curadoria e os museus a partir da obra de arte contemporânea. No primeiro capítulo, aborda o tema do Arquivo, sob a égide do pensamento do filósofo francês Michel Foucault (1926 - 1984): “o sistema que governa a aparição das enunciações”. A partir da abordagem desconstrutiva do Arquivo, via Jacques Derrida (1930 - 2004), e a proposição de arquivos desconstruidos pela incorporação dos processos de montagem presentes na pesquisa de Benjamin e Warburg. O segundo capítulo discute a incapacidade do museu de assimilar completamente a obra de arte contemporânea decorrente, sobretudo, dos sistemas de catalogação e conservação que se originaram no século XIX. A sistematização, a conservação e a determinação da autoria são dados que amparam a compreensão da obra e se tornam um problema estrutural para sua assimilação pelo museu nas experiencias mais radicais da arte no século XX e XXI. O terceiro capítulo discute os museus de artista, museus experimentais e as possibilidades de reinvenção do museu. Para tanto, traz uma análise do Museu Imaginário (1947) de André Malraux (1901-1976), a Caixa-Valise (1935 - 1941) de Marcel Duchamp (1887 - 1968), o projeto LiMAC (2002) da artista peruana Sandra Gamarra (1972 – ), curadorias experimentais das décadas de 1960 e 70 e curadorias contemporâneas que se aproximam dos processos artísticos, como Do It (1993), Do Corpo a Terra (1970) e Quando Atitudes se Tornam Forma (1969). Tanto a curadoria quanto os museus são pensados pelos seus espaços de crise, de exceção e conflito. Propoe-se, assim, que a curadoria possa entendida pelos processos artísticos, como um rearranjo de suas estruturas pela obra que organiza. Apresentam-se, portanto, como a possibilidade utópica de reinvenção do museu, apontando para sua reestruturação a partir de outros parâmetros.