Campo DC | Valor | Idioma |
dc.contributor.author | Anjos, Rafael Sanzio Araújo dos | - |
dc.date.accessioned | 2017-12-12T13:55:47Z | - |
dc.date.available | 2017-12-12T13:55:47Z | - |
dc.date.issued | 2005 | - |
dc.identifier.citation | ANJOS, Rafael Sanzio Araújo dos. Territórios das Comunidades Quilombolas no Brasil: segunda configuração espacial. Brasília: Mapas Editora & Consultoria, 2005. 1 mapa temático articulado. Escala aproximada de 1: 6.000.000. | pt_BR |
dc.identifier.uri | http://repositorio.unb.br/handle/10482/30504 | - |
dc.description.abstract | A geografia é a ciência do território e este componente geográfico básico continua sendo o melhor
instrumento de observação do que aconteceu, porque apresenta as marcas da historicidade espacial; do que
está acontecendo, isto é, tem registrado os agentes que atuam na configuração geográfica atual e o que pode
vir a acontecer, ou seja, é possível capturar as linhas de forças da dinâmica territorial e apontar as
possibilidades da estrutura do espaço no futuro próximo. Não podemos perder de vista que é essa a área do
conhecimento que tem o compromisso de tornar o mundo e suas dinâmicas compreensíveis para a sociedade,
de dar explicações para as transformações territoriais e de apontar soluções para uma melhor organização do
espaço. A geografia é, portanto, uma disciplina fundamental na formação da cidadania do povo brasileiro, que
apresenta uma heterogeneidade singular na sua composição étnica, socioeconômica e na distribuição
espacial.
Nesse sentido, essa disciplina assume grande importância dentro da temática da pluralidade cultural
no processo de ensino, planejamento e gestão, principalmente no que diz respeito às características dos
territórios dos diferentes grupos étnicos e culturais que convivem no espaço nacional, assim como, possibilita
apontar as espacialidades das desigualdades socio-econômicas e excludentes que permeiam a sociedade
brasileira, ou seja, um contato com um Brasil de uma geografia complexa, multifacetada e cuja população não
está devidamente conhecida.
O território é um fato físico, político, categorizável, possível de dimensionamento, onde geralmente, o
Estado está presente e estão gravadas as referências culturais e simbólicas da população. Dessa forma, o
território étnico seria o espaço construído, materializado a partir das referências de identidade e pertencimento
territorial e, geralmente a sua população tem um traço de origem comum. As demandas históricas e os conflitos
com o sistema dominante têm imprimido a esse tipo de estrutura espacial exigências de organização e a
instituição de uma auto-afirmação política-social-econômica-territoral.
Tratar da diversidade cultural brasileira num contexto geográfico, visando, portanto, reconhecer,
valorizar e superar a discriminação aqui existente, é atuar sobre um dos mecanismos estruturais da exclusão
social, componente básico para caminhar na direção de uma sociedade mais democrática, na qual os
descendentes de africanos se sintam e sejam, de fato, brasileiros. Isto porque o negro brasileiro não se sente
pertencente ao Brasil. A referência que o sistema brasileiro induz de que a terra dos negros é do outro lado do
Oceano Atlântico, na África, como se aqui não fosse o seu lugar, é um aspecto geográfico, particular, que
merece atenção nesta questão secular.
São várias as questões estruturais relacionadas à cultura africana no Brasil que continuam merecendo
investigação, conhecimento e intervenção. Entretanto, o esquecimento das comunidades tradicionais
descendentes de antigos quilombos ou remanescentes territoriais do sistema escravista, constitui uma
questão emergêncial e de risco na sociedade brasileira.
No Brasil, os remanescentes de antigos quilombos, “mocambos", “comunidades negras rurais”,
“quilombos contemporâneos", “comunidades quilombolas" ou “terras de preto" referem-se a um mesmo
EXEMPLAR
DE DOAÇÃO
patrimônio cultural e territorial inestimável e é recente o interesse e o conhecimento por parte dos organismos
oficiais brasileiros. Mesmo ocorrendo em diversas regiões do espaço brasileiro, e em períodos diferenciados,
os sítios dos povos quilombolas constituem as comunidades tradicionais brasileiras que “guardam" territórios
africanos que sobrevivem no mundo globalizado. Nesse sentido, o Brasil é um país privilegiado. Esses
descendentes vivem principalmente no espaço rural brasileiro, mas, também muitos núcleos estão
incorporados nas áreas periurbanas e urbanas do país. Em função dessas diferenciações de localização
espacial, essas comunidades caracterizam-se por apresentar níveis diferenciados de inserção e de contato
com a sociedade. Após vários séculos de participação ativa na formação geográfica e histórica do país, essas
populações negras brasileiras ainda não adquiriram as condições mínimas de um cidadão. Dentre as questões
políticas estruturais mais relevantes e emergenciais está a situação fundiária precária dos territórios dos
descendentes de quilombos no Brasil.
Referente às principais estruturas sócio-históricas-territoriais de formação e origem das terras
ocupadas pelos povos quilombolas, destacamos os seguintes contextos: 1. ocupação de fazendas falidas e /
ou abandonadas; 2. compras de propriedade por escravos alforriados; 3. doações de terras para ex-escravos
por proprietários; 4. pagamento por prestações de serviços em guerras oficiais; 5. terrenos de ordem religiosa
deixados para ex-escravos; 6. ocupações de terras sob o controle da Marinha do Brasil e 7. extensões de
terrenos da união não devidamente cadastrados. Essas são apenas alguns das principais situações das terras
que constituem o “pano de fundo” dos conflitos para demarcação e regularização fundiária desses territórios.
Dentre os pontos estruturais que, ainda, permeiam a situação das comunidades quilombolas no
Brasil, destaca-se a carência de informações sistematizadas referentes à distribuição dessas comunidades no
território. As estimativas são inconsistentes, divergentes e são poucas as pesquisas direcionadas para
investigar a questão com essa abordagem geográfica. Em 1997, iniciamos uma coleta e sistematização de
dados referentes ao nome da comunidade quilombola e seu municipio de localização, junto a três segmentos
básicos: universidades públicas do país; organismos oficias dos governos estaduais e federal e, as entidades
negras representativas, principalmente o Movimento Negro Unificado. Desse processo de trabalho, fechado
em 1999, resultou o primeiro cadastro dos registros municipais dos territórios quilombolas do Brasil. Uma
parceira da Universidade de Brasília com a Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da Justiça
possibilitou a publicação de uma edição da pesquisa que foi doada à todos os governadores e institutos de
terras estaduais; outros organismos da esfera federal ligados a temática; as bibliotecas das universidades
públicas do Brasil e as entidades negras que contribuíram com dados. Nesse primeiro cadastro foram
sistematizados 840 (oitocentos e quarenta) registros municipais e o mapeamento tem servido de base para
várias ações governamentais ligadas a contextos fundiários, educação, saúde e implementação de
empreendimentos em territórios quilombolas.
Em 2003 iniciamos o trabalho de atualização do referido cadastro. A formação da base informacional
buscou três premissas: corrigir aspectos da toponímia dos registros já sistematizados; excluir comunidades a
partir de documentação escrita fornecida e acrescentar as outras ocorrências informadas. Esse processo de
coleta e sistematização dos dados foi formado a partir das seguintes referências: informações do conjunto das
entidades negras representativas do país; dados oriundos de organismos oficiais, principalmente o Incra
(MDA), e a Fundação Cultural Palmares (MINc)e, pesquisas realizadas pela rede de Núcleos de Estudos Afro-
Brasileiros (Neabs) das universidades do país.
As informações por si só não significam conhecimento. Entretanto, elas nos revelam que com o auxílio
da ciência e da tecnologia temos condições de colaborar na modificação de políticas pontuais e superficiais a
fim de subsidiar a adoção de medidas concretas na alteração da situação do população negra e mestiça do
Brasil. Esse segundo mapeamento, que registra 2.228 (dois mil duzentos e vinte e oito) ocorrências
informadas, tem como função básica, ampliar a visibilidade espacial desses territórios étnicos brasileiros e de
auxiliar em um dos problemas estruturais das comunidades quilombolas, que é a definição de um cronograma
público da política de demarcação titulação das suas terras. | pt_BR |
dc.language.iso | Português | pt_BR |
dc.publisher | Mapas Editora & Consultoria | pt_BR |
dc.rights | Acesso Aberto | pt_BR |
dc.title | Territórios de comunidades quilombolas do Brasil : segunda configuração espacial | pt_BR |
dc.type | Mapa | pt_BR |
dc.subject.keyword | Quilombos - Brasil | pt_BR |
dc.subject.keyword | Cartografia | pt_BR |
dc.subject.keyword | Geografia - Brasil | pt_BR |
dc.subject.keyword | Historiografia - África - Brasil | pt_BR |
dc.rights.license | Autorização concedida ao Repositório Institucional da Universidade de Brasília pelo detentor do direito autoral, em 04/12/2017, com as seguintes condições: disponível sob Licença Creative Commons 4.0 Internacional, que permite copiar, distribuir e transmitir o trabalho, desde que seja citado o autor e licenciante. Não permite o uso para fins comerciais nem a adaptação desta. | pt_BR |
dc.description.unidade | Instituto de Ciências Humanas (ICH) | - |
dc.description.unidade | Departamento de Geografia (ICH GEA) | - |
Aparece nas coleções: | Recursos educacionais
|