http://repositorio.unb.br/handle/10482/32878
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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2018_MarceloAugustoFinazziSantos.pdf | 2,53 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Título: | Trabalho corrompido, dignidade violada : histórias de vida de mulheres assediadas sexualmente em uma organização bancária |
Autor(es): | Santos, Marcelo Augusto Finazzi |
Orientador(es): | Siqueira, Marcus Vinicius Soares |
Assunto: | Assédio no ambiente de trabalho Assédio sexual no ambiente de trabalho Assédio sexual Violência contra as mulheres Violência de gênero Sexismo Setor bancário |
Data de publicação: | 22-Out-2018 |
Data de defesa: | 17-Mai-2018 |
Referência: | SANTOS, Marcelo Augusto Finazzi. Trabalho corrompido, dignidade violada: histórias de vida de mulheres assediadas sexualmente em uma organização bancária. 2018. 361 f., il. Tese (Doutorado em Administração)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018. |
Resumo: | O intuito deste trabalho é analisar diversas facetas do assédio sexual contra mulheres no trabalho. Trata-se de um fenômeno que, embora assentado em uma violência física de ordem sexual, na verdade, traz aspectos relacionados à história do lugar, ao simbolismo patriarcal, ao contexto da organização, à relação entre os indivíduos, ao silenciamento das estruturas organizacionais quanto ao sexismo. A partir dessa realidade, delineio proposta de estudo teórico-empírico com o objetivo de compreender os significados sociais do assédio sexual no trabalho e, de forma específica, conhecer e avaliar as suas dinâmicas e facetas, desvelar as estruturas sociais que permitem a ocorrência de assédio sexual no trabalho e analisar o que o fenômeno pode revelar sobre a condição da mulher na sociedade e nas organizações, o que realizo mediante o resgate de histórias de vida de duas trabalhadoras bancárias assediadas sexualmente no trabalho (Rebeca e Helena). Trata-se de temática de relevância social, acadêmica e organizacional, considerando que a violência contra a mulher, incluindo agressões sexuais, em países latino-americanos, é drama social relevante, uma verdadeira epidemia relacionada ao pouco caso e à permissividade cultural reinante nos trópicos desde a chegada dos ibéricos, que relega a mulher à condição subalterna, de tal forma que é razoável considerar que o machismo está entranhado em nossa cultura e organizações. Sabe-se que as violências sexuais, embora de ordem polimórfica, comumente são analisadas a partir de um enfoque que as associam ao sexismo e ao racismo, ao continuum de violência e discriminação contra as mulheres, à manifestação de violência e opressão do poder masculino sobre o feminino. Dessa forma, a abordagem de gênero – uma espécie de “generofobia” –, tomada sob o prisma do movimento feminista, tem sido a tônica nos debates sobre o assédio sexual. Na cultura brasileira, assédio sexual é interpretado como uma tentativa frustrada de sedução, e não como uma violência. A sociedade culturalmente machista é vista como um dos fatores que corroboram a visão mais leniente dos brasileiros sobre o problema. Assumo que esse padrão cultural se expressa, por conseguinte, na lógica racista e misógina de que toda mulher é “vadia”, toda mulher é simbolicamente “preta” e, como tal, deve estar disponível – inclusive, sexualmente – pelo simples fato de ser mulher. Há uma tentativa inicial de sedução, do que se segue a etapa de cooptação (promessas) e, por fim, a fase das ameaças (punições). Trata-se de uma dinâmica de agressão, em que o assediador estuda o alvo e passa a explorar os seus pontos fracos. O ponto de vulnerabilidade das vítimas é a dependência do emprego, seja enquanto condição de sustento e independência, seja enquanto símbolo de uma vida melhor e meio de afirmação social. Em decorrência do abandono, a vítima tende ao silêncio. O silêncio não é fraqueza, falta de ação ou iniciativa. Silêncio é medo do agressor, silêncio é retaliação da empresa, silêncio é solidão pelo abandono dos colegas. As relações sociais nas organizações são pautadas nos critérios do interesse e da convivência estratégica, do que se tolera o sofrimento do outro com cinismo e desfaçatez, “conquanto não seja eu o prejudicado”. No meio do caminho, os adoecimentos físico e mental se fazem regra. O assédio sexual é símbolo da indigência moral e da perversidade de um mundo do trabalho que é hostil às mulheres. Essa máxima se materializa em rebaixamento, isolamento, abandono, desemparo, solidão das vítimas. Apesar de tudo e de todos, Rebeca e Helena mostram que é possível romper o silêncio. A lição mais importante de suas histórias é que o assediador não é todo-poderoso. Helena ensina que uma denúncia às instâncias em defesa de direitos das mulheres possivelmente vai obstá-lo. Não pode haver espaço para que o assediador se crie, se engrandeça nas intenções. É mais do que dizer “não”, é confrontá-lo com a própria vergonha da indignidade de caráter. “Você está me assediando?”. Como diria Rebeca, em suma, é a pergunta que liberta. Afinal, o assediador não resiste ao próprio mal. |
Abstract: | The purpose of this paper is to analyze several facets of sexual harassment against women at work. It is a phenomenon that, although based on physical violence of a sexual nature, actually deals with aspects related to the history of the place, to patriarchal symbolism, to the context of the organization, to the relationship among individuals, to the culture of silence towards sexism across oganizational structures. Based on this reality, this paper outlines the proposal of a theoretical-empirical study with the main objective of comprehending the social meanings of sexual harassment at work and, specifically understanding and evaluating its dynamics and facets, unveiling social structures that allow sexual harassment to take place at work and analyzing what the phenomenon can reveal about the condition of women in society and organizations, which I carry out by recounting the life stories of two bank workers who have been harassed at work (the stories of Rebeca and Helena). Violence against women, including sexual assaults in Latin American countries, is undoubtedly a highly significant social drama, a true epidemic related to lack of respect and the cultural permissiveness which has reigned in the tropics since the arrival of the Iberians, relegating women to a subaltern condition, in such a way that it is reasonable to consider that machismo is embedded in our culture. It is known that sexual violence, although polymorphic, is commonly analyzed from a perspective that associates it with sexism and racism, the continuum of violence and discrimination against women, the manifestation of violence and oppression of male power over the feminine one. Thus, gender approach - a kind of genderphobia - taken from the perspective of the feminist movement, has been the focus of debates on sexual harassment. In the Brazilian culture, sexual harassment is interpreted as a frustrated attempt at seduction, not violence. The culturally sexist society is seen as one of the factors that corroborate a more lenient view of Brazilians about the problem. I assume that this cultural pattern is expressed, therefore, in the racist and misogynist logic that every woman is a "bitch", every woman is symbolically "black" and, as such, must be available – even sexually – to those who hold power or, ultimately, for men, for the simple fact of being a woman. There is an initial attempt at seduction, followed by a stage of persuasion (promises) and, finally, a phase of threats (punishments). It is a dynamic of aggression, by which the stalker studies the target and begins to exploit its weaknesses. The point of vulnerability of the victims is their dependence on employment, whether as a means of livelihood and independence or as a symbol of a better life and a means of social affirmation. As a result of abandonment, the victim tends to remain silent. Silence is not weakness nor lack of action or initiative. Silence is fear of the aggressor, silence is retaliation by the company, silence is loneliness due to abandonment by colleagues. Social relations in the organizations are based on the criteria of interest and strategic coexistence, according to which the suffering of the other is tolerated with cynicism and disdain, “as long as I am not the one harmed”. During this process, physical and mental illnesses become the rule. Sexual harassment is a symbol of moral indigence and perversity of a labour market that is hostile to women. This maxim materializes in relegation, isolation, abandonment, misplacement, solitude of the victims. Despite everything and everyone, Rebeca and Helena show that it is possible to break the silence. The most important lesson of their stories is that the stalker is not all-powerful. It is possible, therefore, not to succumb to sexual harassment. Helena teaches that filing a complaint with bodies advocating for women's rights is likely to hamper him. There can be no room for the stalker to exist, to magnify himself in his intentions. It is more than saying “no”; it is to confront it with dignity. “Are you harassing me?”. As Rebeca would say, in short, that is the question that frees you. After all, the stalker does not resist his own evil. |
Unidade Acadêmica: | Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas (FACE) Departamento de Administração (FACE ADM) |
Informações adicionais: | Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade e Gestão Pública, Programa de Pós-Graduação em Administração, 2018. |
Programa de pós-graduação: | Programa de Pós-Graduação em Administração |
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Aparece nas coleções: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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