Corpo marcado : sentidos e afetos das visualidades escolares do Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra

Abstract

A presente investigação vinculada à linha de pesquisa ―Educação em Artes Visuais‖ do Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade de Brasília, parte do seguinte questionamento: quais sentidos e subjetividades são produzidos pelos(as) estudantes a partir das visualidades alusivas ao Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra apresentadas em contexto escolar? O trabalho em questão tem como foco propor reflexões sobre os efeitos sociais do olhar a partir das visualidades apresentadas em contexto escolar durante o evento referente ao Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra (20 de novembro). Participaram desta investigação 6 (seis) estudantes do segundo ciclo do ensino fundamental matriculados no Sistema Público de Ensino do Distrito Federal. Metodologicamente estruturada sob a perspectiva qualitativa interpretativista, apresenta em seu corpus os materiais discursivos oferecidos voluntariamente pelos(as) participantes através de 2 (dois) encontros em formato de grupo focal (GF), mediados por um roteiro guia. Com tal estratégia buscou-se: interpretar os discursos que os(as) participantes do GF manifestaram sobre e a partir das visualidades apresentadas durante o respectivo evento realizado na mesma instituição escolar em que estavam matriculados no ano de 2017; reconhecer algumas outras visualidades que compõem as suas subjetividades acerca dos corpos negros e propor reflexões sobre a possibilidade da Educação da Cultura Visual vir a ser mediadora na construção de sentidos e no reposicionamento dos estudantes visando contribuir para reflexões e práticas antirracistas na Educação Básica brasileira. Mediante interpretação subjetiva e cruzamentos epistêmicos, foi possível concluir que as visualidades com as quais os sujeitos do GF interagiram durante o referido evento não possibilitaram o reposicionamento dos(as) mesmos, pois evidenciaram incômodos com a saturação de discursos visuais que fixam o negro ao passado, bem como indiferença ao aspecto folclórico com que a população negra foi representada. Concluiu-se também que esses sujeitos possuem a cultura visual (internet, redes sociais, séries e artistas musicais) como um lugar de significativa troca e construção das suas subjetividades sobre o corpo negro, o que possibilitou entremear e vislumbrar a Educação da Cultura Visual como uma significativa colaboradora para reposicionar os sujeitos e suas inter(ações) nas dinâmicas da multirracialidade que compõe o tecido social brasileiro, visto que seu ponto de interesse são as políticas de subjetividade mediadas pelas imagens visuais e visualidades.