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Título: Mulheres incorrigíveis : capoeiragem, desordem e valentia nas ladeiras da Bahia (1900-1920)
Autor(es): Fialho, Paula Juliana Foltran
Orientador(es): Oliva, Anderson Ribeiro
Assunto: Capoeira
Cultura afro-brasileira
Mulheres negras
Raça - gênero
História cultural
Data de publicação: 12-Dez-2019
Referência: FIALHO, Paula Juliana Foltran. Mulheres incorrigíveis: capoeiragem, desordem e valentia nas ladeiras da Bahia (1900-1920). 2019. 300 f., il. Tese (Doutorado em História)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Resumo: A Capoeira tem sido lida como parte de um dito “universo masculino”. Contudo, sua gênese está vinculada aos processos de resistência de mulheres e homens negros no contexto diaspórico no Brasil. A Capoeira se elaborou e reelaborou historicamente, tendo os conflitos de raça, classe e gênero, interseccionalmente, como catalizadores da produção de sobrevivências, físicas e espirituais. Dois eixos articulados da colonialidade do poder são a racialização e o engendramento de corpos. Negligenciar esta perspectiva pode enviesar análises dessa expressão cultural afro-brasileira. Duas questões primordiais para a reescrita da história da Capoeira: as categorias introduzidas pela racionalidade moderna, colonizadora e eurocêntrica, constituídas em oposições binárias e hierárquicas, são inadequadas para alcançar os sentidos produzidos por seus agentes históricos; as mulheres negras existem como sujeitos ativos nas relações ensejadas no colonialismo e na colonialidade, estranhando sua ausência (ou presença periférica e pré-fixada) nas narrativas tradicionais e historiográficas. Esta tese oferece uma releitura de um trecho da longa história da Capoeira. Faz análise interseccional de gênero e raça demonstrando o apagamento de mulheres negras nas referidas produções. O foco foi dado àquelas produzidas a partir da virada conceitual e organizativa da Capoeira na década de 1930, após sua descriminalização, e que se baseiam na experiência de perseguição aos povos negros na cidade do São Salvador, entre 1900 e 1920. Para fundamentar tal releitura, a tese apresenta documentação com centenas de mulheres valentonas e desordeiras no chamado contexto da capoeiragem, aquele do dito universo masculino.
Abstract: Capoeira has been read as part of a so-called “male universe”. However, its genesis is linked to the processes of resistence of black women and men in the diasporic context in Brazil. Capoeira has been elaborated and re-elaborated historically, and the intersection of race, class and gender conflicts are the basis for the production of survival strategies in physical and spiritual terms. Racialisation and the engendering of bodies are two articulated axes of the coloniality of power. Neglecting this perspective compromises the analysis of this Afro-Brazilian cultural expression. Two primary points for the rewriting of the history of Capoeira: the categories introduced by modern, colonial and Eurocentric rationality, constituted in binary and hierarchical oppositions, are inadequate to reach the meanings produced by their historical agents; black women exist as active subjects in the relations that occur in colonialism and coloniality, so, their absence (or peripheral and pre-fixed presence) in the traditional and historiographic narratives is strange. This thesis offers a re-reading of a part of the long history of Capoeira. It makes an intersectional analysis of gender and race demonstrating the erasure of black women in those productions. The focus was given to those produced from the conceptual and organizational turn of Capoeira in the 1930s, after its decriminalization, and which are based on the period of persecution of black customs in the city of San Salvador between 1900 and 1920. The thesis presents documentation that shows hundreds of women starring in the context of urban violence, which is linked to capoeiragem and commonly called the masculine universe.
Unidade Acadêmica: Instituto de Ciências Humanas (ICH)
Departamento de História (ICH HIS)
Informações adicionais: Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, 2019.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em História
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