Estudo de radarfacies em placeres auríferos na Baixada Cuiabana

Abstract

O estado do Mato Grosso é o quinto maior produtor de ouro no Brasil, com boa parte da produção proveniente da região da Baixada Cuiabana. Nesta região, o ouro ocorre associado a metassedimentos e veios de quartzo encaixados em rochas do Grupo Cuiabá, e depósitos sedimentares secundários (como colúvios, alúvios e elúvios), sendo estes últimos bastante rentáveis e de fácil exploração. A explotação de ouro nestas áreas muitas vezes acarreta no desmatamento do bioma do Pantanal, pois a atividade minerária utiliza escarificação aleatória do subsolo para localização dos depósitos. Neste estudo,aplicou-se o método geofísico de Radar de Penetração de Solo (GPR) para diferenciar e localizar depósitos aluvionares, coluvionares e eluvionares. O que, p or consequência,pode ajudar na mitigação do processo de desmatamento local. Assim, as aquisições dedados de GPR aconteceram em dois garimpos localizados nos municípios de Poconé e Nossa Senhora do Livramento. Os registros de GPR ocorreram com antenas blindadas de 200 e 400 MHz, ao longo de cavas e exposições de cascalhos. Além dos registros geofísicos, coletaram-se amostras de sedimentos presentes nas cavas para relacionar suas análises granulométricas com as respostas obtidas no radar. Os resultados mostram uma variabilidade da onda eletromagnética no meio entre os valores de 0,04 a 0,149 m/ns, com amplitude normalizada de -1 a 1. Os menores valores de velocidade foram identificados nos cascalhos lateríticos com matriz argilosa e cimento ferruginoso (colúvio), com amplitudes de -0,6 a 0,6. As velocidades intermediárias (entre 0,08 e 0,09 m/ns), associam-se à alúvios e elúvios, com amplitudes de -0,2 a 0,2 para elúvios e -0,8 a 0,8 para alúvios. A maior velocidade foi obtida no colúvio com matriz arenosa, clastos suportados por matriz, mal selecionados e livres de cimento ferruginoso, com amplitudes entre -0,8 a 0,8. Assim, o GPR mostrou-se eficiente para distinguir os depósitos sedimentares secundários auríferos na Baixada Cuiabana, tornando-se assim uma alternativa prospectiva para a região.