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dc.contributor.advisorAlves, Flávia de Castro-
dc.contributor.authorNikulin, Andrey-
dc.date.accessioned2020-07-03T13:45:53Z-
dc.date.available2020-07-03T13:45:53Z-
dc.date.issued2020-07-03-
dc.date.submitted2020-03-19-
dc.identifier.citationNIKULIN, Andrey. Proto-Macro-Jê: um estudo reconstrutivo. 2020. xxiv, 571 f., il. Tese (Doutorado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.pt_BR
dc.identifier.urihttps://repositorio.unb.br/handle/10482/38893-
dc.description.abstractO tronco Macro-Jê é um dos principais agrupamentos linguísticos do leste sul-americano. Estudos histórico-comparativos das línguas desse tronco encontram-se numa fase ainda incipiente. Em particular, não há consenso na comunidade científica quanto a sua constituição exata, motivo pelo qual diversos autores têm caracterizado o tronco Macro-Jê como uma “hipótese em construção” (cf. RODRIGUES, 1999, p. 165) ou até mesmo como o “caput mortuum da linguística sul-americana” (RIVET, 1924, p. 697). Graças a recentes avanços na documentação das línguas indígenas brasileiras e bolivianas, tornou-se possível reavaliar as relações entre as línguas que têm sido incluídas nesse agrupamento. A presente tese tem por objetivo fornecer uma reconstrução de aspectos da língua ancestral do tronco Macro-Jê, incluindo domínios tais como a fonologia, a morfossintaxe e o lé-xico. Para tanto, fizemos uso da metodologia tradicional da linguística histórica, aplicando às línguas Macro-Jê o método histórico-comparativo e, quando possível, o método de reconstrução interna; além disso, recorremos à metodologia da Gramática de Construções Diacrônica para a reconstrução da sintaxe. A aplicação desses métodos seguiu os princípios de reconstrução bottom-up com controle externo. Para a investigação das relações entre as línguas cuja afinidade genética não pôde ser demonstrada através do método histórico-comparativo, utilizamos uma ferramenta conhecida sob o nome de lexicoestatística preliminar. Concluímos que fazem parte do tronco Macro-Jê as famílias linguísticas Jê, Jaikó, Ma-xakalí, Krenák, Kamakã, Karajá, Ofayé, Rikbáktsa e Jabutí; a família Chiquitana estaria relacionada às famílias supracitadas em um nível mais profundo. Contrariamente a ideias anteriores de alguns autores, excluímos as famílias Boróro, Yaathê, Purí, Guató, Karirí e Otí da proposta, mas não descartamos a possibilidade de uma relação genética distante entre o tronco Macro-Jê, por um lado, e as línguas Boróro, Karirí e Tupí, por outro lado. Para o Proto-Macro-Jê, reconstruímos um inventário fonológico compreendendo as consoantes */p, m, w, t, n, r, c, ñ, j, k, ŋ/ e as vogais */a, â, ə, ə̂, y, o, ô, u, e, ê, i, ə̃, ỹ, ũ, ẽ, ĩ/. A estrutura silábica máxima do Proto-Macro-Jê reconstrói-se como */CrVC°/, onde */°/ repre-senta a chamada vogal eco. Apenas as não-contínuas periféricas (labiais e velares) podiam for-mar onsets ramificados com o rótico: */pr, mr, kr, ŋr/. Morfossintaticamente, o Proto-Macro-Jê era uma língua de núcleo final. Uma subclasse de nomes (os chamados nomes flexionáveis, ou relacionais), uma subclasse de verbos intransitivos (os chamados verbos descritivos) e a totalidade dos verbos transitivos e das posposições exigiam que seu argumento fosse expresso imediatamente à esquerda do tema, ora por meio de um sintagma nominal, ora por meio de um índice de pessoa (*a- 2, *i- 3NCRF, *ta- 3CRF). Re-construímos ainda o comportamento morfofonológico dos temas iniciados por */j-/, que perdiam sua consoante inicial (consoante temática) quando da ocorrência dos índices de pessoa; os índices, por sua vez, apresentavam alomorfes diferenciados restritos a esses temas (*∅- 2, *c- 3NCRF, *t- 3CRF). Para a primeira pessoa, reconstrói-se a inexistência de índices de pessoa dedicados. Por último, abordamos a reconstrução da morfossintaxe oracional da língua ancestral das famílias Jê, Maxakalí, Krenák e Kamakã (“Proto-Macro-Jê Oriental”). Foi-nos possível re-construir quatro construções encabeçadas por verbos, ou quatro tipos de orações. Em contextos de subordinação sintática, as orações seguiam um padrão ergativo-absolutivo de alinhamento morfossintático; os verbos que as encabeçavam recebiam marcação explícita de não-finitude. As orações finitas (independentes de padrão geral, imperativas e coordenadas) apresentavam uma cisão intransitiva, a qual se manifestava na codificação diferenciada do único argumento de duas subclasses de predicados monovalentes. As orações imperativas divergiam daquelas de padrão geral no que tange à expressão de seu argumento agentivo (A/SA), obrigatória nas orações de padrão geral e inibida nas imperativas. As orações coordenadas conectavam-se às anteriores por meio de um elemento que rastreava a identidade do sujeito (argumento nominativo, A/S), configurando, assim, um padrão de referência cruzada. No caso de sujeitos correferentes, utilizava-se a conjunção *nẽc (~ -j, -ñ) ‘e.MS’, ao passo que o argumento agentivo da oração subsequente não se expressava explicitamente. A não-correferência entre os sujeitos marcava-se por meio da justaposição das orações, sendo a oração subsequente introduzida por um pro-nome agentivo ou (na terceira pessoa) pelo elemento conector *mə̃ ‘e.SD’.pt_BR
dc.description.sponsorshipCAPESpt_BR
dc.language.isoPortuguêspt_BR
dc.rightsAcesso Abertopt_BR
dc.titleProto-Macro-Jê : um estudo reconstrutivopt_BR
dc.typeTesept_BR
dc.subject.keywordMacro-Jêpt_BR
dc.subject.keywordLínguas indígenaspt_BR
dc.subject.keywordLinguística históricapt_BR
dc.rights.licenseA concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.pt_BR
dc.description.abstract1Macro-Jê is a major language family of Eastern South America. Historical-comparative studies of Macro-Jê are still incipient; in particular, there is no consensus regarding its exact composition in the scientific community. For this reason, it has been referred to as a “working hypothesis” (cf. RODRIGUES, 1999, p. 165) or even the “caput mortuum of South American linguistics” (RIVET, 1924, p. 697) in a number of earlier works. Thanks to recent advances in the documentation of Brazilian and Bolivian indigenous languages, we are now in position to reevaluate earlier claims on the relations between the languages that have been classified as Macro-Jê. This Ph.D. dissertation aims to provide a reconstruction of aspects of the ancestral language of the Macro-Jê language family, including domains such as phonology, morphosyntax and lexicon. In addition to applying the traditional methods employed by historical-comparative linguistics, such as the comparative method and the internal reconstruction method, I make an attempt at reconstructing elements of Proto-Macro-Jê syntax within the Diachronic Construc-tion Grammar framework. Throughout, I have adhered to bottom-up reconstruction principles with external control. For languages whose common origin could not be proven using the comparative method, probability judgments regarding their relation to Macro-Jê have been made through a tool known as preliminary lexicostatistics. I conclude that the following language groups should be classified as Macro-Jê: Jê, Jaikó, Maxakalí, Krenák, Kamakã, Karajá, Ofayé, Rikbáktsa, and Jabutí; Chiquitano could be related to the aforementioned languages at a deeper level. Contrary to earlier claims by a number of authors, I exclude Boróro, Yaathê, Purí, Guató, Karirí, and Otí from the proposal, though a long-range genetic relationship may exist between Macro-Jê, Boróro, Karirí, and Tupian. For Proto-Macro-Jê, I reconstruct the consonants */p, m, w, t, n, r, c, ñ, j, k, ŋ/ and the vowels */a, â, ə, ə̂, y, o, ô, u, e, ê, i, ə̃, ỹ, ũ, ẽ, ĩ/. Its maximal syllable structure is reconstructed as */CrVC°/, where /°/ stands for the so called echo vowel. Complex onsets could be formed exclusively by the combination of a peripheral (labial or velar) non-continuant and a rhotic: */pr, mr, kr, ŋr/. Proto-Macro-Jê is reconstructed as head-final. A subclass of nouns (known as inflectable, or relational nouns), a subclass of intransitive verbs (known as descriptives), and the totality of transitive verbs and postpositions required their argument to be expressed immediately adjacent to the stem, to its left, either as a noun phrase or as a person index (one of *a- 2, *i- 3NCRF, *ta- 3CRF). I also reconstruct the morphophonological behavior of the */j/-initial stems, whose initial (thematic) consonant was elided upon the accretion of a person index; the person indices, in their turn, had allomorphs whose occurrence was restricted to the */j/-initial stems (*∅- 2, *c- 3NCRF, *t- 3CRF). A defective paradigm with no dedicated first person index can be reconstructed. Finally, I tackle the reconstruction of the clause-level morphosyntax of the ancestral language of the Jê, Maxakalí, Krenák, and Kamakã families (“Proto-Eastern Macro-Jê”). I reconstruct four distinct constructions headed by verbs, or four clause types. Subordinate clauses displayed ergative-absolutive alignment, and were headed by verbs overtly marked as non-fi-nite. Finite clauses (default pattern main clauses, imperative clauses, and coordinated clauses) displayed split intransitivity, whereby the only argument of monovalent predicates was encoded differently for each of the two subclasses of monovalent verbs. Imperative clauses diverged from the default pattern regarding the expression of their agentive argument (A/SA), obligatory in the default pattern and inhibited in imperative clauses. In the coordinated construction, consequent clauses were joined to the preceding clause through an element that tracked the identity of their subjects (nominative arguments, A/S), thus configuring a switch reference pattern. In the event of coreferent subjects, the conjunction *nẽc (~ -j, -ñ) ‘and (same subject)’ was used; in this case, the agentive argument of the consequent clause was not overtly expressed. Another strategy was deployed for expressing disjoint reference, whereby clauses were simply juxta-posed, with the consequent clause being introduced by an agentive pronoun, or connected through the element *mə̃ ‘and (different subject)’ (third person only).pt_BR
dc.description.abstract2La familia macro-ye es una de las principales agrupaciones lingüísticas del oriente sudamericano. El estudio histórico-comparativo de las lenguas de esa familia se encuentra en una fase todavía incipiente. En particular, no hay consenso en la comunidad científica en cuanto a su constituición exacta, motivo por el cual diversos autores han caracterizado la familia macro-ye como una “hipótesis en construcción” (cf. RODRIGUES, 1999, p. 165) o incluso como el “caput mortuum de la lingüística sudamericana” (RIVET, 1924, p. 697). Gracias a los recientes avanzos en la documentación de las lenguas originarias brasileñas y bolivianas, se ha vuelto posible reevaluar las relaciones entre las lenguas que han sido clasificadas como macro-ye. La presente tesis doctoral tiene como objetivo ofrecer una reconstrucción de aspectos de la lengua ancestral de la familia macro-ye, incluyendo dominios como la fonología, la morfosintaxis y el léxico. Para ello, aplicamos a las lenguas macro-ye la metodología tradicional de la lingüística histórica (el método histórico-comparativo y, siempre que posible, el método de reconstrucción interna; además, recurrimos a la metodología de la Gramática de Construcciones Diacrónica para la reconstrucción de la sintaxis. La aplicación de esos métodos siguió los princípios de reconstrucción bottom-up con control externo. Para la investigación de las relaciones entre las lenguas cuyo origen genético común no pudo demostrarse a través del método histórico-comparativo, utilizamos una herramienta conocida bajo el nombre de lexicoestadística preliminar. Se concluye que las siguientes agrupaciones lingüísticas constituyen la familia macro-ye: ye, yaicó, maxacalí, crenac, camacán, carayá, ofayé, ricbactsa y yabutí; el chiquitano podría relacionarse a las lenguas supracitadas en un nivel más profundo. Contrario a hipótesis anteriores de algunos autores, se excluyen de la propuesta las familias bororo, yaaté, purí, guató, carirí y otí, aunque no rechazamos la posibilidad de un parentesco distante entre las lenguas macro-ye, bororo, carirí y tupí. Para el proto-macro-ye, se reconstruye un inventario fonológico que comprende las consonantes */p, m, w, t, n, r, c, ñ, j, k, ŋ/ y las vocales */a, â, ə, ə̂, y, o, ô, u, e, ê, i, ə̃, ỹ, ũ, ẽ, ĩ/. La estructura silábica máxima del proto-macro-ye se reconstruye como */CrVC°/, donde */°/ representa la llamada vocal eco. Solamente las [-continuas] periféricas (labiales y velares) podían formar ataques complejos con la rótica: */pr, mr, kr, ŋr/. Morfosintácticamente, el proto-macro-ye era una lengua de núcleo final. Una subclase de sustantivos (los llamados sustantivos flexionables, o relacionales), una subclase de verbos intransitivos (los llamados verbos descriptivos) y la totalidad de los verbos transitivos y de las posposiciones exigían que su argumento se expresara inmediatamente a la izquierda del tema, así sea mediante un sintagma nominal o mediante un índice de persona (*a- 2, *i- 3NCRF, *ta- 3CRF). Además, reconstruimos el comportamiento morfofonológico de los temas que tenían */j-/ por segmento inicial: al agregárseles un índice de persona, esos temas sufrían la caída de su consonante inicial (temática). Los índices de persona, a su vez, poseían alomorfos diferen-ciados (*∅- 2, *c- 3NCRF, *t- 3CRF), cuya ocurrencia se restringía justamente a los temas que presentaban la caída de la consonante temática. Para la primera persona, se reconstruye la inexistencia de índices de persona dedicados. Por último, hicimos un intento de reconstruir la morfosintaxis a nivel de oración del idioma ancestral de las lenguas ye, maxacalí, crenac y camacán (“proto-macro-ye del este”). Pudimos reconstruir cuatro construcciones encabezadas por verbos, o cuatro tipos de oraciones. En contextos de subordinación sintáctica, las oraciones seguían un patrón ergativo-absolutivo de alineamiento morfosintáctico; los verbos que las encabezaban recibían una marca explícita de no-finitud. Las oraciones finitas (independientes llanas, imperativas y coordinadas) presentaban una escisión intransitiva, que se manifestaba en la codificación diferenciada del único argumento de dos subclases de verbos monovalentes. Las oraciones imperativas divergían de las independientes llanas en cuanto a la expresión de su argumento agentivo (A/SA), obligatoria en las independientes llanas e inhibida en las imperativas. Las oraciones coordinadas se conec-taban a las anteriores mediante un elemento que rastreaba la identidad del sujeto (argumento nominativo, A/S), configurando, de esta manera, un patrón de referencia cruzada. En cuanto a los sujetos correferentes, se empleaba la conjunción *nẽc (~ -j, -ñ) ‘y.MS’, mientras que el argumento agentivo de la oración subsiguiente no se expresaba explícitamente. La referencia disyuntiva se marcaba mediante la yuxtaposición de las oraciones; en este caso, la oración subsiguiente se introducía por un pronombre agentivo o (en la tercera persona) por el elemento conector *mə̃ ‘y.SD’.pt_BR
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