Relações entre a dinâmica populacional de noctuídeos (Lepidoptera: Noctuidae) de importância agrícola no Brasil com fatores ecoclimáticos e fenômeno El Niño

Abstract

Considerando a importância dos noctuídeos-praga (Lepidoptera: Noctuidae) para a produção agrícola, esta tese objetivou fornecer subsídios ao entendimento das relações espaço-temporais entre as variações populacionais destes insetos com fatores climáticos e classificações ecoclimáticas (vegetação, clima, zonas de vida e biomas). Foram estudadas espécies de ampla distribuição no continente Americano [Anicla infecta (Ochsenheimer), Elaphria agrotina (Guenée) e Spodoptera frugiperda (J.E. Smith)] cujas lagartas são polífagas, porém com hábitos diferenciados. As de A. infecta se alimentam preferencialmente do limbo foliar, as de E. agrotina, de tecidos vegetais secos e as de S. frugiperda, de tecidos vegetais em desenvolvimento ou reprodutivos. O primeiro estudo foi realizado em área agrícola no Distrito Federal durante quatro safras (de julho de 2013 a junho de 2017) analisando as variações populacionais das três espécies e o efeito de fatores climáticos e El Niño. O segundo estudo avaliou as variações populacionais de A. infecta em 12 locais do Brasil (Mojuí dos Campos, PA; Petrolina, PE; Rio Branco, AC; Porto Nacional, TO; Sinop, MT; Planaltina, DF; Uberaba, MG; Domingos Martins e Alegre, ES; Londrina, PR; Passo Fundo e Bagé, RS), durante as safras 2015-2016 e 2016-2017. As variações foram avaliadas empregando modelos lineares generalizados (GLM) como a regressão de Poisson; Testes não paramétricos como Kruskal-Wallis e Análise de Clusters. Os resultados do primeiro estudo evidenciaram que as três espécies apresentaram declínios populacionais anuais (porém não mensais) similares pelo menos nas três primeiras safras. Estas variações populacionais foram significativamente influenciadas pelos fatores climáticos e Índice Oceânico El Niño (ONI). No segundo estudo verificou-se que mariposas de A. infecta foram constantes (coletadas em mais de 50% dos meses amostrados) em praticamente todos os locais e suas populações variaram significativamente em função dos meses, dos locais, da vegetação, do clima, das zonas de vida e dos biomas. Os resultados indicaram uma maior associação entre número mensal de mariposas capturadas com o tipo de vegetação e zonas de vida (Coeficiente de Correlação Cofenética superior a 0,9) evidenciando a necessidade de considerar parâmetros destas classificações em estudos de monitoramento desta espécie.