Restauração ecológica no Cerrado : intenso preparo de solo e alta densidade de semeadura não eliminam a necessidade de erradicação de gramíneas exóticas invasoras

Abstract

Um dos grandes desafios da restauração de ecossistemas abertos, como savanas e campos, é o controle de gramíneas exóticas invasoras (GEI). As GEI são introduzidas para instauração de pastagens. Essas espécies possuem vantagens competitivas devido suas características ecofisiológicas e, podem excluir ou impactar negativamente a vegetação nativa. Esse trabalho apresenta os resultados de dois experimentos de restauração de savanas abertas, por meio de técnicas de semeadura direta em pastagem abandonada no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, em Goiás. As áreas foram submetidas a controle prévio de GEI com fogo prescrito, gradagens sucessivas do solo e semeadura de espécies nativas de diferentes grupos funcionais. O capítulo 1 apresenta a trajetória da restauração onde os esforços de controle de GEI não foram efetivos. A cobertura exótica ocupou 90% da área na quarta estação chuvosa após a semeadura. A abundância das principais GEI respondeu ao aspecto do solo: Urochloa decumbens com maior cobertura associada a solo sazonalmente alagado, Melinis minutiflora a solos bem drenados e Androgon gayanus, aos solos rochosos. A cobertura de espécies semeadas decresceu, enquanto de espontâneas, aumentou. O capítulo 2 apresenta os resultados de um processo de restauração usando elevada densidade de sementes (cerca de 7.700 sementes). Em resposta, a cobertura de espécies nativas foi superior a 65% na terceira estação chuvosa, sem diferença significativa com a cobertura do primeiro ano. Por outro lado, as GEI aumentaram significativamente sua ocorrência. As árvores semeadas apresentaram elevada densidade de indivíduos por hectare (11.950 indivíduos.). Esse experimento introduziu 45 espécies nativas de diferentes formas de vida. O aumento da cobertura de GEI pode impactar o crescimento e desenvolvimento das espécies nativas. Em conclusão, a erradicação de GEI é essencial para sucesso na restauração. Outras metodologias devem ser testadas em complementação as apresentadas neste trabalho com o intuito de viabilizar a restauração, econômica e ecologicamente, em larga escala.