Análise da violência autoprovocada em um serviço de urgência e emergência no contexto da rede de atenção psicossocial do Distrito Federal

Abstract

A violência autoprovocada é o resultado de ações ou pensamentos contra a própria pessoa, que pode decorrer com ideação suicida, autoagressões, tentativas de suicídio ou o extremo máximo, suicídio. Os profissionais das unidades de urgência e emergência têm papel estratégico no acolhimento à prevenção do suicídio e à lógica de rede de atenção à saúde, representando o primeiro contato do usuário com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Este estudo tem por objetivo analisar o perfil epidemiológico e a atuação dos profissionais nos casos de violência autoprovocada no contexto da RAPS do Distrito Federal. Foi realizada pesquisa descritiva e exploratória com abordagem quanti-qualitativa. Os dados quantitativos foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, referentes ao período de 2026 a 2019 no DF. Os dados qualitativos foram obtidos a partir de 10 entrevistas semiestruturadas realizadas nos meses de novembro e dezembro de 2020, com nove profissionais de saúde e um da gestão administrativa, que atuam em uma unidade de urgência e emergência da Região Sudoeste do DF. O projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde e da coparticipante Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, sob os pareceres números 2.200.022, e 2.270.086, respectivamente. Relacionou-se o conteúdo das respostas às entrevistas com os dados epidemiológicos, ao amparo das diretrizes vigentes, viabilizando a elaboração do desenho da matriz do Modelo Lógico. Os resultados sugerem um o aumento dos índices de casos de violência autoprovocada, o que deve ser investigado como real problema de saúde pública e com o devido fortalecimento das ações de vigilância. Verificou-se também a deficiência nas ações de qualificação e educação permanentes, que possibilitem o desenvolvimento de práticas de qualidade, com a renovação de conhecimentos e discussão de questões como a relação profissional-usuário, o desenvolvimento do trabalho em equipe e o conhecimento dos serviços disponíveis no território, e, ainda, a necessidade de fortalecimento do processo de articulação e da organização entre os equipamentos da RAPS do DF. Considerando-se que políticas públicas são elaboradas de modo a que se incorporem ações para grupos considerados vulneráveis, sob a luz do conceito de equidade, muitos são os desafios a serem enfrentados para que a vigilância epidemiológica desempenhe bem o seu papel no controle da captação de dados epidemiológicos e avaliação das políticas vigentes para o enfrentamento à violência autoprovocada.