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Título: Onde se esconde o racismo na psicologia clínica? : a experiência da população negra na invisibilidade do binômio racismo e saúde mental
Autor(es): Damasceno, Marizete Gouveia
Orientador(es): Loyola, Valeska Maria Zanello de
Assunto: Racismo
Saúde mental
Psicologia clínica
Formação profissional
Data de publicação: 17-Ago-2021
Referência: DAMASCENO, Marizete Gouveia. Onde se esconde o racismo na psicologia clínica? : a experiência da população negra na invisibilidade do binômio racismo e saúde mental. 2018. 115 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura) — Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Resumo: O presente trabalho propõe-se a verificar a existência e discutir a (in)visibilidade do racismo na pesquisa, ensino e prática da psicologia clínica. O trabalho é formado por três artigos, resultado de três etapas distintas da pesquisa. No primeiro artigo, o objetivo foi fazer um levantamento da produção bibliográfica brasileira que se ocupou do racismo contra negros e da saúde mental das pessoas alvo. Constatou-se a incipiente produção nessa área, dentro do critério de periódicos indexados. A produção acadêmica da psicologia envolvendo relações raciais é de modo geral baixa no Brasil, sendo pouca a contribuição da Psicologia Clínica e menos ainda das disciplinas que compõem os serviços públicos de saúde mental. A segunda etapa, empírica, ocupou-se em coletar relatos de mulheres negras sobre suas experiências de psicoterapia com profissionais brancos(as). Foram realizadas sete entrevistas, a partir de cujos conteúdos foram levantados quatro eixos temáticos: (1) Razão para buscar psicoterapia; (2) Processo psicoterapêutico; (3) Fatores terapêuticos coadjuvantes, e, (4) Formação do(a) psicoterapeuta para atender pessoas negras. Constatou-se o descontentamento das mulheres com os serviços psicoterapêuticos recebidos, uma vez que relações raciais e suas experiências de racismo como fonte de sofrimento mental, quando abordadas em sessão, não foram em geral bem recebidas, consideradas ou exploradas. A terceira etapa do trabalho, também empírica, entrevistou sete profissionais psicoterapeutas brancos(as) para colher relatos sobre suas experiências, ou ausência delas, de atendimento a pessoas negras. Por meio de análise de conteúdo, quatro categorias foram identificadas, quais sejam: (1) Formação; (2) Modos de intervenção para com as vivências raciais; (3) Pressupostos epistemológicos da psicologia; e, (4) Relação terapêutica inter-racial. Constatou-se uma lacuna na aquisição do conhecimento a respeito das relações raciais no Brasil, apontada pelos próprios profissionais. Dessa forma foi possível concluir que existe a necessidade de se incluírem relações raciais na formação psicológica, de forma a habilitar o (a) profissional a identificar o racismo como determinante da saúde mental da população negra. Requer-se igualmente o treinamento de habilidades específicas, o que possibilitará a capacitação adequada do (a) profissional para o atendimento adequado a clientes negros(as). Conclui-se que o racismo na psicologia clínica se torna presente por omissão: a invisibilização do racismo como gerador de sofrimento psicológico reverbera, por sua vez, tanto na teoria quanto no ensino-pesquisa, e retorna na prática clínica universalizante. Conclama-se a psicologia clínica a rever a aplicação de forma universal das teorias, métodos e práticas criadas por e para um único grupo, autodefinido como modelo para todos os povos; é necessário que se considerem as especificidades da existência étnico-racial-cultural de cada povo.
Abstract: The present work proposes to verify the existence and discuss the (in) visibility of racism in the research, teaching and practice of clinical psychology. It consists of three articles, resulting from three distinct stages of research. In the first article, the objective was to verify the Brazilian bibliographic production that dealt with racism against blacks and the mental health of the target group. The findings based on the criterion of indexed periodicals indicated the incipient production in this area. The academic production of psychology involving race relations is generally low in Brazil, with little contribution from Clinical Psychology and even less from the disciplines that make up public mental health services. The second, empirical stage, was concerned with collecting reports of black women about their experiences of psychotherapy with white professionals. Seven interviews were carried out and four themes were raised: (1) Reason to seek psychotherapy; (2) Psychotherapeutic process; (3) Coadjuvant therapeutic factors, and, (4) Psychotherapist training to serve black people. The findings indicated women's dissatisfaction with the psychotherapeutic services received, since racial relations and their experiences of racism as a source of mental suffering, when approached in session, were generally not well received, considered or explored. The third stage of the work, also empirical, interviewed seven white psychotherapists to collect reports about their experiences, or lack thereof, of serving black people. Through content analysis, four categories were identified, namely: (1) Training; (2) Modes of intervention regarding racial experiences; (3) Epistemological assumptions in psychology; and, (4) Interracial therapeutic relationship. It was pointed out by the professionals themselves that there was a gap in the acquisition of knowledge about race relations in Brazil. It was possible to conclude, therefore, that there is a need to include racial relations in the training of psychologists, to enable professionals to identify racism as a determinant of mental health for the black population. Training in specific skills is also required, so that the professional will be capable of providing adequate care to black clients. The work pointed to the conclusion that racism in clinical psychology becomes present by omission: the invisibility of racism as the generator of psychological suffering reverberates in theory as well as in teaching-research and expresses itself in clinical practice through universalist approaches. Clinical psychology is called upon to review the universal application of theories, methods and practices created by and for a single group, self-defined as a model for all peoples; the specificities of the ethnic-racial-cultural existence of each people must be considered.
Unidade Acadêmica: Instituto de Psicologia (IP)
Departamento de Psicologia Clínica (IP PCL)
Informações adicionais: Tese (doutorado) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2018.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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