Campo DC | Valor | Idioma |
dc.contributor.advisor | Bandeira, Lourdes Maria | - |
dc.contributor.author | Thurler, Ana Liesi | - |
dc.date.accessioned | 2021-10-28T17:45:39Z | - |
dc.date.available | 2021-10-28T17:45:39Z | - |
dc.date.issued | 2021-10-28 | - |
dc.date.submitted | 2004 | - |
dc.identifier.citation | THURLER, Ana Liesi. Paternidade e deserção : crianças sem reconhecimento, maternidades penalizadas pelo sexismo. 2004. 304 f., il. Tese (Doutorado em Sociologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2004. | pt_BR |
dc.identifier.uri | https://repositorio.unb.br/handle/10482/42177 | - |
dc.description | Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Departamento de Sociologia, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, 2004. | pt_BR |
dc.description.abstract | Nos anos noventa, o país — perplexo — tomou consciência da extensão do desafio
de incluir cidadãs e cidadãos vivendo à margem, destituídos de Registro de Nascimento,
documento que lhes confere existência civil. Uma mobilização de setores governamentais e
da sociedade civil teve êxito na universalização da gratuidade do Registro Civil de
Nascimento e na formulação de um programa para zerar o sub-registro de nascimento, até
2006. Entretanto, melhores padrões de cidadania exigem mais: o direito ao porte de
registro civil de nascimento qualificado, com reconhecimento paterno.
Este estudo parte do pressuposto de que a alta incidência de crianças brasileiras sem
reconhecimento paterno em seus registros -— fenômeno ainda não acompanhado pelo país
— espelha uma situação sociológica envolvendo questões políticas de cidadania e de
relações sociais de gênero, implicadas na deserção da paternidade.
A paternidade deixou de ser questão privada no Brasil, contribuindo para atenuar a
dicotomia entre esfera privada e esfera pública e possibilitando intervenções do Ministério
Público para a busca do pai. O acompanhamento dos projetos Mutirão da Paternidade e
Pai Legal nas Escolas junto à rede pública de ensino e o levantamento realizado juntos aos
dez Cartórios do Distrito Federal me permitiram estruturar a base empírica para
desenvolver a análise apresentada nesta tese. Por outro lado, pesquisa realizada na França,
contribuiu para relativizar e desnaturalizar aspectos de nossa realidade.
Uma face do Brasil emerge do fato de uma em cada três crianças anualmente aqui
nascidas terem, em seus registros, somente filiação materna, o que não pode se configurar
como problema administrativo. Interpreto a deserção da paternidade como um fenômeno
socialmente construído — por via histórica, política e jurídica — envolvendo questões de
cidadania, de relações de gênero e de efetivação da democracia.
As intervenções do Ministério Público e algumas decisões muito recentes do
Judiciário sinalizam um movimento do Estado brasileiro de uma situação de apatia para
uma condição de protagonismo em relação à paternidade desertora, às crianças sem
reconhecimento e às mulheres-mães super-expostas às responsabilidades parentais.
Uma transformação substantiva nesse quadro reclama uma elevação dos padrões de
cidadania e o abandono do sexismo contido na presunção de mentira da palavra da mulher
sobre a paternidade de suas crianças. Nesse sentido, para o aprofundamento dos direitos de
cidadania, precisam ser consideradas experiências de inversão do ônus da prova, tanto
nacionais, quanto internacionais — caso da União Européia, com a Diretiva 97/80,
estabelecendo a inversão do ônus da prova, para casos relativos a discriminações baseadas
no sexo.
A paternidade e a parentalidade no masculino, conforme compreendidas nesta tese,
envolvem relações sociais de geração — do homem-pai com a criança-filha, desafiando o
pai-cidadão ao exercício do compromisso — e relações sociais de sexo — do homem-pai
com a mulher-mãe, provocando o pai-cidadão ao exercício da solidariedade | pt_BR |
dc.language.iso | Português | pt_BR |
dc.rights | Acesso Aberto | pt_BR |
dc.title | Paternidade e deserção : crianças sem reconhecimento, maternidades penalizadas pelo sexismo | pt_BR |
dc.type | Tese | pt_BR |
dc.subject.keyword | Paternidade | pt_BR |
dc.subject.keyword | Parentalidade | pt_BR |
dc.subject.keyword | Relações sociais | pt_BR |
dc.subject.keyword | Maternidade | pt_BR |
dc.subject.keyword | Relações de gênero | pt_BR |
dc.subject.keyword | Relações parentais | pt_BR |
dc.rights.license | A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. | pt_BR |
dc.description.abstract1 | During the nineties, our country became aware of the gigantic challenge of ensuring
social inclusion to citizens - men and women - who lived on the margins of society, being
deprived of birth registration, the single document that would grant them civil existence.
The mobilization of govemment and civil society resulted in universal access to free birth
registration and the formulation of a program to eliminate under-registration by 2006.
However, setting higher standards of citizenship would require more: the right to qualified
birth registration, with paternal recognition.
This study is based on the premise that the high incidence of Brazilian children who
are not officially recognized by their fathers - a phenomenon that still lacks proper
investigation in our country - reflects a sociological situation that involves political issues
of citizenship and social relations of gender involved in paternal desertion.
Patemity is no longer a private issue in Brazil. This fact has contributed to the
attenuation of the private-public dichotomy and enabled the State to intervene in order to
locate missing fathers. The study of two projects - Mutirão da Paternidade (Joint Effort
for Patemity) and Pai Legal nas Escolas (Legal Father at School) - developed in public
schools, and the data collected at the ten Registry Offices in the Federal District enabled
me to build the empirical framework for the analysis presented in this thesis. In addition, a
study carried out in France helped to relativize and denaturalize some aspects of our
reality.
This study has shown that one in every three children bom in Brazil is registered in
their mother’s name only, a fact which may not be configured as an administrative
problem. I interpret paternal desertion as a socially constructed phenomenon - through
historical, political and legal means - that involves issues of citizenship, gender relations
and the fulfillment of democracy.
State interventions and some recent court decisions seem to signal that the Brazilian
State is moving from apathy to active participation with regard to deserting fathers,
unrecognized children, and women-mothers who are overexposed to parental
responsibilities.
Á substantive change in this picture requires raising the standards of citizenship and
giving up the sexism contained in the presumption of lie from women about the patemity
of their children. In this context, a deeper study of citizens’ rights must consider both
national and intemational experiences on the inversion of the burden of proof— such as in
the case of European Union Directive 97/80, which establishes the inversion of the burden
of proof in cases related to gender discrimination.
Patemity and male parenthood, as understood in this thesis, involve social relations
of generation - father-man with daughter-child, challenging citizen-fathers to fulfill their
commitment. They also involve social relations of gender - father-man with motherwoman, thus inciting citizen-fathers to manifest their solidarity. | pt_BR |
dc.description.abstract3 | Dans les années quatre-vingt-dix, le pays, perplexe, a pris conscience de 1’étendue
du défi d’inclure des citoyennes et des citoyens qui vivent en marge, destitués de 1’Acte de
Naissance, document qui leur confere Texistence civile. Une mobilisation de secteurs
gouvemamentaux et de la société civile a obtenu gain de cause pour Puniversalisation de la
gratuité de 1’enregistrement de la naissance auprès de FÉtat Civil et pour la mise en forme
d’un programme pour réduire à zero, jusqu’en 2006, le sous-enregistrement de la
naissance. Cependant, des meilleurs modèles de citoyenneté ont plus d’exigences : le droit
au port d’un acte de naissance qualifié, avec la reconnaissance patemelle.
Cette étude part du présupposé que la forte incidence d’enfants brésiliens sans
reconnaissance patemelle dans leurs actes de naissance — phénomène pas encore suivi
dans le pays — est le miroir d’une situation sociologique engageant de questions politiques
de citoyenneté et des rapports sociaux de genre, impliqués dans la désertion de la
paternité.
La paternité n’est désormais plus une question prívée au Brésil, contribuant ainsi
pour atenuer la dichotomie entre la sphère privée et la sphère publique et rendant possible
des interventions du Ministère Public dans la recherche du père. Le suivi des projets tels
Mutirão de la Paternité et Père légal dans les Écoles auprès des écoles publiques et
1’enquête réalisée auprès des dix Offices Notariaux du District Fédéral m’ont permis de
structurer la base empirique pour développer 1’analyse présentée dans cette thèse. D’un
autre côté, la recherche réalisée en France, contribua pour relativiser et dénaturaliser des
aspects de notre société.
Une face du Brésil émerge du fait que, sur un an, un enfant sur trois né ici, porte sur
son acte de naissance seulement la filiation matemelle, ce qui ne peut pas être configuré en
tant que problème administratif. J’interprète la désertion de la paternité comme un
phénomème construit socialement - par la voie historique, politique et juridique -
engageant des questions de citoyenneté, de rapports de genre et de 1’accomplissement de la
démocratie.
Les interventions du Ministère Public et certaines décisions très recentes prises par
le pouvoir Judiciaire, signalent un mouvement de 1’État brésilien allant de 1’apathie vers
une condition de protagonisme par rapport à la désertion de la paternité, aux enfants sans
reconnaissance et aux femmes-mères surexposées aux responsabilités parentales.
Une transformation substantielle dans ce tableau demande une élévation des
niveaux de citoyenneté et 1’abandon du sexisme contenu dans la présomption de mensonge
contenu dans la parole de la femme au sujet de la paternité de ses enfants. Dans ce sens,
pour rapprofondissement des droits de la citoyenneté, il faut considérer les expériences de
renversement de la charge de 1’épreuve, qu’elles soient nationales ou intemationales - le
cas de 1’Union Européenne, avec la Directive 97/80, établissant le renversement de la
charge de 1’épreuve, pour de cas relatifs aux discriminations fondées sur le sexe.
La paternité et la parentalité au masculin, telle qu’elles sont comprises dans cette
thèse, engagent des rapports sociaux de génération — de 1 'homme-père avec 1’enfant-fille,
en défiant le père citoyen à 1’exercice du compromis — et aux rapports sociaux de sexe —
de 1’homme-père avec la femme-mère, en provoquant le père citoyen à 1’exercice de la
solidarité. | pt_BR |
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