Carcass and meat quality in Curraleiro-Pé-Duro, Pantaneiro and Nelore cattle

Abstract

As raças Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro, localmente adaptadas, foram introduzidas no Brasil desde o período de colonização sendo submetidas a processos de seleção natural e atualmente são animais adaptados às condições locais do clima brasileiro. Apesar disso, o rebanho comercial é formado principalmente por raças Bos taurus indicus que passaram por diversos melhoramentos genéticos, como a Nelore. A preferência por animais melhorados e de alta produtividade associada ao pouco conhecimento sobre a qualidade de carcaça e de carne das raças locais fez com que muitos animais naturalizados deixassem de ser utilizados na produção, levando ao risco de extinção. Com o objetivo de comparar as características de carne e de carcaça de duas raças locais com uma comercial, criadas em sistemas de manejo semelhantes, observando qualidades quantitativas e qualitativas dos cortes e do acabamento de carcaça, foram analisados 15 novilhos das raças Curraleiro Pé-Duro,

Pantaneiro e Nelore após um confinamento de 112 dias. Foram realizadas pesagens e medições pré- abate com auxílio de ultrassom e após o abate as carcaças foram tipificadas quanto à conformação,

maturidade fisiológica, marmoreio e textura. Foram determinados pH, coloração CieLab, percentuais de osso, músculo e gordura, perfil de ácidos graxos, força de cisalhamento, capacidade de retenção de água e qualidade da carne por um painel sensorial. Não houve diferença no ganho de peso diário e no peso ao abate entre as raças. Nelore e Curraleiro depositaram mais gordura que Pantaneiro, enquanto Curraleiro e Pantaneiro tinham mais músculos que a Nelore, que também apresentava mais osso e maior porcentagem de cortes de segunda qualidade. O Nelore apresentou menos suculência do que o Pantaneiro e mais força de cisalhamento do que as outras raças. A carne do Pantaneiro foi a que mais reteve água, sendo a mais escura, com menor força de cisalhamento e mais suculenta. Em

geral, o perfil de ácidos graxos não diferiu entre as raças, com exceção do C16:0 que foi maior no Curraleiro Pé-Duro. Os resultados mostraram que as raças Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro puderam expressar seu potencial, mesmo na ausência de programas de melhoramento genético, tornando-se economicamente competitivas e com grande potencial para aperfeiçoamento de suas características.