Experiências de resolução de conflitos em cenários escolares

Abstract

Esta dissertação se insere no campo da educação preventiva na perspectiva da promoção da saúde e dos direitos humanos. Objetivo: Analisar as experiências de resolução de conflitos implementadas em um projeto no âmbito da educação em saúde e dos direitos humanos, protagonizadas por adolescentes, alunos de uma escola pública de ensino médio, que subjazem nas concepções e significados procurados por esses alunos. Método: Trata-se de um estudo de natureza compreensiva realizado por meio de uma triangulação metodológica entre abordagens de natureza documental, mapa falante e sete entrevistas semiestruturadas com atores-chave da comunidade escolar. Os participantes deste estudo foram quatro estudantes protagonistas de um projeto na escola, uma mãe de aluna, uma professora, uma orientadora educacional e o gestor da unidade de ensino. As narrativas foram processadas por meio da análise de conteúdo temática de Bardin, sob uma perspectiva fenomenológica da construção social da resolução de conflitos escolares. Resultados: Os dados foram organizados em categorias temáticas oriundas das narrativas dos protagonistas. Os principais conceitos básicos foram: contextos familiares e escolares, interseccionalidades, saúde, educação, cidadania e direitos humanos. Esses dados possibilitaram extrair: os aspectos positivos e negativos da criação familiar que depende de outros atores e instituições; os sucessos e meandros de uma dinâmica escolar que tem uma mediação de conflitos entre os projetos de sua proposta pedagógica; o reconhecimento das subjetividades e das relações intersubjetivas como um dos pressupostos à promoção da saúde, cidadania e direitos humanos nos contextos intra e extraescolares. Conclusão: Os conflitos oriundos das primeira e segunda infâncias podem comprometer a saúde mental, mas não determinam a trajetória na adolescência. A pedagogia de projetos possibilita desenvolver competências e habilidades que oportunizam uma formação holística e conectada com o mundo da vida e permitem a convivência dos atores escolares na cultura da paz. A mediação de conflitos no âmbito escolar mostrou a relação dos seus atores com o mundo cotidiano e mediou os sentidos por eles atribuídos às vivências, aos saberes e poderes instituídos na escola e às interações sociais por meio do diálogo intra e intersubjetivo, evidenciando-se como um eixo articulador da proposta pedagógica da escola. Oportunidade de aprendizagem, autonomia, consciência de si, de suas relações e suas atitudes, criticidade, protagonismo juvenil e escolaridade como fator de proteção social foram entendimentos desvelados das estratégias da resolução de conflitos nesse cenário. Assim, a construção coletiva do significado social dos conflitos pode ser edificada considerando a ótica das relações sob a perspectiva dos atores envolvidos e tendo como premissa processos de construção de subjetividades, cidadania e direitos humanos.