A relação professor-aluno na constituição da profissionalidade docente de professores do 4° e 5° ano no Distrito Federal

Abstract

Essa pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília em nível de mestrado, integrando a linha de pesquisa — Profissão Docente, Currículo e Avaliação. O estudo agrega as pesquisas do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação e Atuação do Professor/Pedagogo - GEPFAPe. O objetivo do estudo foi de investigar o movimento contraditório e real de como se configura a relação professor-aluno enquanto eixo estruturante para e na construção da profissionalidade docente de professores do 4o e 5o anos no Distrito Federal. Tomamos como fundamento a perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica (SAVIAN1,2005,2007) e a Psicologia Histórico-Cultural (Vigotski, 1991), que de forma dialética contribuem para evidenciar as várias abordagens já existentes sobre a relação pedagógica professor-aluno, além de favorecer a interpretação do real e o avanço da temática. A análise dos dados foi realizada por meio da proposta dos Núcleos de Significação de Aguiar e Ozela (2013), tendo como instrumentos questionário de caracterização dos participantes da pesquisa, entrevista semiestruturada e análise de documentos. Os dados coletados foram tratados a partir de uma perspectiva crítica, que possibilita a análise contextualizada, na concretude entre a objetividade e a subjetividade. Os resultados apontaram que a constituição da profissionalidade docente, tendo como eixo estruturante a relação professor-aluno é articulada em cinco categorias: condições de trabalho e formação; aspectos da relação professor-aluno e a organização do trabalho pedagógico (OTP); a multidimensionalidade da relação professor-aluno; a família e a função social docente e a unidade do ser docente na relação professor-aluno. Identificamos, que as condições de trabalho e formação continuada determinam à constituição da profissionalidade docente e também à relação professor-aluno, uma vez que as contradições do modo de contratação dos professores e as condições gerais de trabalho reverberam na atividade docente. Percebemos que os cursos de formação continuada, como um aspecto de valorização docente, têm abordado a relação professor-aluno de forma secundária podendo fragilizar a constituição da profissionalidade docente. Nos aspectos da relação professor-aluno e a OTP, ficou evidenciado que o professor faz um movimento de reorganização, redimensionamento, retroalimentação e reestruturação do trabalho pedagógico a partir da relação com o aluno, além disso, observamos que o projeto pedagógico da escola poderia fortalecer a profissionalidade docente, no entanto há questões que colocam o professor como mero executor. A coordenação pedagógica foi descrita como um espaço-tempo de trocas, que favorece a profissionalidade docente, no entanto, não tivemos elementos que nos desse clareza sobre o tipo de abordagem da relação professor-aluno nesse espaço. Evidenciamos, que os professores dos 4o e 5o anos parecem se identificar com um perfil que associa a forma-conteúdo-destinatário, com especificidades, entre elas a facilidade na linguagem com os pais dos 4o e 5o anos, o conteúdo atrativo e desafiador, o perfil dos estudantes mais autônomos e no movimento de transição para os anos finais. Na tessitura da análise interpretativa, compreendemos que a relação professor-aluno é multidimensional, pois se apresentou em três dimensões: humano-relacional, social e pedagógica, todas elas afetivas na perspectiva vigotskiana. Além disso, percebemos que a família está imbricada na relação professor-aluno, portanto na profissão docente, dessa maneira o professor exerce a função articuladora entre a escola-família. Por fim, no amadurecimento teórico-empírico constatamos que há unidade do ser docente e a relação professor-aluno, onde um constitui o outro, o professor materializa a humanização/formação do aluno e o aluno materializa o ser docente.