A política indigenista em Goiás : 1850-1889

Abstract

Em geral, a escassa bibliografia sobre a Política Indigenista no Séc. XIX apenas trata dos aspectos pertinentes à legislação e sua aplicação prática. Esta dissertação pretende uma abordagem baseada num esquema teórico mais complexo, buscando a inteligibilidade da Política Indigenista através da sua contextualização na realidade política, social e econômica da segunda metade do Séc. XIX. Um problema específico na abordagem da Política Indigenista é a relação entre o Regimento das Missões de 1845 e a Lei de Terras de 1850, e que consequências daí resultaram para os índios de Goiás, uma vez que essa região vinha sendo já ocupada pelas frentes de expansão da sociedade nacional. Outro aspecto é o fenômeno do aldeamento de índios enquanto política e enquanto instituição organizada, sua relação com as frentes de expansão e qual o papel desempenhado pelos presídios e outros estabelecimentos militares e pelas missões religiosas no sentido de afastar os índios das áreas a serem ocupadas pelos brancos. Os interesses puramente econômicos destacam-se na análise da ligação entre a política indigenista implementada em Goiás e a questão da navegação dos rios Araguaia e Tocantins, pois os índios consistiam em sério empecilho à utilização das vias fluviais navegáveis. Finalmente, trata-se da ação dos missionários e dos efeitos da sua influência sobre as culturas tribais da região, e, conclui-se que, ao contrário do que os seus apologistas procuram demonstrar, os missionários foram elemento desestabilizador da cultura tribal e representantes dos interesses das frentes de expansão.