Aspectos ecológicos da segregação espacial e temporal em besouros rola-bostas (Coleoptera: scarabaeinae) no Cerrado do Brasil Central

Abstract

As diferentes estratégias de remoção de recurso (i.e., guildas funcionais) de rola-bostas representam uma estratégia para diminuir as pressões competitivas e otimizar a utilização do recurso que é efêmero. O objetivo deste estudo foi entender como ocorre a segregação espacial (áreas abertas e fechadas) e temporal (períodos de atividade diurno, noturno e crepuscular) das comunidades de besouros rola-bostas no bioma Cerrado no Brasil. Foram coletados rola-bostas durante o dia, crepúsculo e à noite em duas fitofisionomias, uma representativa de áreas abertas (cerrado sensu stricto) e outra de áreas fechadas (mata de galeria) em duas unidades de conservação do Cerrado Brasileiro. Modelos estatísticos foram utilizados para entender como a segregação explica a riqueza, as abundâncias totais e a abundância de cada guilda. Foram coletados um total de 2.253 indivíduos e 58 espécies, sendo 44 de áreas abertas e 22 de áreas fechadas. Nossas hipóteses foram corroboradas, ou seja, no Cerrado, a maior abundância ocorre em fitofisionomias fechadas e no período noturno e, a maior riqueza ocorre em fitofisionomias abertas; as comunidades de rola-bostas são distintas entre os períodos de atividade e entre as fitofisionomias; e as guildas funcionais apresentam preferências por habitat e/ou período de atividade, de acordo com as suas características ecológicas. Portanto, verificamos que tanto o período de atividade como o tipo de habitat são importantes para caracterizar as comunidades de rola-bostas que exibem diferentes padrões de espécies dominantes e guildas funcionais ao longo do dia. Assim, propomos que para determinar a composição de espécies de comunidades de rola-bostas, deve-se levar em consideração não somente o tipo de habitat, mas também os diferentes períodos de atividade.