As relações afetivas entre as narrativas e as cidades no cinema brasileiro e argentino contemporâneo

Abstract

Esta pesquisa investiga as relações de afetos entre o cinema argentino e o cinema brasileiro contemporâneo (2009-2019) e as cidades a partir do fenômeno da errância urbana. Partimos da noção de corpo na composição dos afetos na sociedade pela visão do filósofo Baruch de Spinoza. Tendo em vista esta composição, a cidade se torna um corpo político e age como um dispositivo. Nesta perspectiva, entrelaçada por rizomas, estabelecemos o conceito de cartografia social, criado pelos autores Gilles Deleuze e Félix Guattari, como fundamento para a metodologia abordada nesta reflexão. Por meio destas ligações, ao entendermos as noções de cidade e de afetos, o corpus desta pesquisa adentra as fissuras geradas pelo processo de urbanização em três cidades planejadas ‒ Brasília, Belo Horizonte e Buenos Aires ‒ e levanta indagações sobre os imaginários urbanos construídos diante do processo de corporeidade. Analisamos quatro filmes e os sintomas do contemporâneo vivenciados por estas cidades. Os filmes são Insolação (2009) de Felipe Hirsch e Daniela Thomas, A cidade onde envelheço (2016) de Marília Rocha, Medianeras (2011) de Gustavo Taretto e O décimo homem (2016) de Daniel Burman. Através desta pesquisa, o curta-metragem A cidade que afeta (2021) de Lorena Figueiredo surgiu como um agenciamento à prática cinematográfica, propiciando aliar a potência da imagem e do cinema como forma de pensamento. Sendo assim, vemos a imagem da cidade se transformar no percurso da errância urbana em novas narrativas pela experiência estética.