Uma metanálise dos impactos do ruído aquático em peixes à luz da capacidade de produzir e perceber sons

Abstract

A paisagem sonora natural de diversos ambientes, incluindo os ambientes aquáticos, onde o som se propaga mais eficientemente, tem sido alterada pela ação humana (e.g. embarcações, mineração, turbinas de hidrelétricas). Nesse contexto, os peixes que ficam nesses corpos d'água devem estar sofrendo mudanças fisiológicas e de comportamento. Já tiveram estudos que analisaram isso, mas uma nova síntese, incluindo o grande volume de estudos recentes sobre o assunto, se fazia necessária. Um fator especial que não foi considerado antes é a capacidade de produzir sons ou a acuidade auditiva do peixe. Nossa metanálise revisou impactos fisiológicos e comportamentais de ruídos antrópicos, biológicos, ambientais, tons e música sobre peixes. Também analisamos estes impactos em relação à ocorrência de vocalização ativa pelos peixes e à presença de aparelho Weberiano. Foram analisados 107 estudos sobre 66 gêneros, e os ruídos antrópicos, biológicos e tonais causaram aumento na atividade comportamental e/ou fisiológica. O ruído ambiente, músicas e tons (respostas fisiológicas) tiveram resultados conflitantes e requerem maior aprofundamento. Apesar de não apresentarem um resultado consistente em todos os tipos de ruído, percebemos que a vocalização aumentou a sensibilidade de peixes à música e a presença de aparelho de Weberiano aumentou a sensibilidade aos tons. No geral, percebe-se que sons com potencial efeito negativo devem ser observados na conservação dos peixes e sons com potenciais efeitos positivos podem ser úteis no bem-estar de peixes em cativeiro. Nosso estudo realça a importância de controlar a emissão de barulhos por atividades antrópicas e demonstra a importância de considerar a contribuição dos peixes de forma bidirecional à paisagem sonora (produção e percepção sonora) na avaliação de impactos.