O processo do autocuidado no protocolo de tratamento das doenças dos pés no diabetes : o caso do equipamento Rapha ®

Abstract

Introdução: A Diabetes Mellitus (DM) é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, cuja principal característica é a hiperglicemia, ou seja, o “excesso de açúcar no sangue”. Esta condição pode resultar em complicações macro e microvasculares, resultando em insuficiência renal, retinopatia (comprometimento na visão), infartos, derrames, perda de sensibilidade nos membros inferiores entre outros. Atualmente é considerado um problema de saúde pública, devido ao número crescente de acometidos e aos altos investimentos públicos para o tratamento da enfermidade. Neste cenário, complicações relacionadas aos membros inferiores, denominada “Doenças dos Pés no Diabetes”. Tem como característica a dificuldade de cicatrização (que pode estender o tratamento por anos), e serem a maior causa de amputações dos membros inferiores. Nesta conjuntura, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram uma tecnologia portátil que associa o uso de biomembrana de látex natural (proveniente da seringueira Hevea brasiliense) a fototerapia, por LED para tratar feridas nos membros inferiores de paciente diabético, denominado RAPHA® (curar em hebraico), tendo resultados promissores em estudos clínicos. A tecnologia é baseada em tratamento intradomiciliar, realizado pelo paciente e por seus familiares, distanciando o paciente dos centros de saúde e estimulando o autocuidado. Objetivo: Analisar o processo do autocuidado como força terapêutica no conjunto do protocolo RAPHA®. Metodologia: Esta pesquisa apoia-se no marco teórico metodológico da pesquisa qualitativa. Tal método constitui uma ferramenta que permite acessar o fenômeno estudado sob um contexto subjetivo. Assim, tendo como pressuposto que RAPHA® opera em um contexto de autocuidado, se justifica um olhar qualitativo vinculado aos acontecimentos. A análise qualitativa foi embasada na observação participante e análise documental dos dados coletados durante a fase clínica do projeto RAPHA®, dos anos de 2018 e 2019. Resultados: A integração do processo do autocuidado ao ensaio clínico (uma vez que o RAPHA® enquanto tecnologia depende da conduta assertiva do paciente) proporcionou aos participantes uma compreensão maior do processo saúde/doença e dinâmicas de cuidado, como limpeza da ferida. Da mesma forma, estimula a participação e apoio dos familiares no processo, o que impacta na qualidade de vida do participante. Cabe ressaltar que por ser um tratamento domiciliar, o afastamento de centros de saúde opera positivamente nos resultados, uma vez que diminui o risco de contato com outras enfermidades e custos com deslocamento. Por fim, o autocuidado contribui com o fechamento da ferida, atuando como ferramenta para que se evite o surgimento de novas, por meio de cuidados diários, o que implica em economia com tratamento e medicamento. Conclusão: Os desfechos alcançados na pesquisa do RAPHA® demonstrados nos dados estatísticos indicam que o autocuidado pode ser considerado uma força terapêutica, tendo alcançados resultados superiores a cobertura do SUS na assistência.