Percepções de professores e as diretrizes curriculares para o ensino de evolução na rede pública do Distrito Federal

Abstract

A Biologia Evolutiva é um tema reconhecido como eixo central para o entendimento da vida na pesquisa acadêmica, o que se reflete também na formação em Ciências na Educação Básica, a partir do previsto nos documentos norteadores do currículo. Essa centralidade, no entanto, não se reflete na prática do Ensino de Evolução, sendo frequentes as dificuldades e obstáculos vivenciados por professores no trabalho do tema em sala de aula. Esta pesquisa buscou identificar o perfil de 28 participantes, todos professores de Biologia da rede pública do DF, a partir de suas concepções e experiências no Ensino de Evolução Biológica (EB). Para tal, fundamentando-se em análise quali-quantitativa e utilizando Análise Textual Discursiva (ATD), adaptada ao distanciamento social em função da pandemia Covid 19, foram analisadas as respostas dos participantes coletadas via formulário online. O cenário em que os processos de ensino e aprendizagem em EB são construídos no DF é de dificuldades enfrentadas pelos professores, bem semelhante ao levantado no referencial teórico: com concepções enraizadas na Síntese Evolutiva, que não consideram aspectos mais recentes da pesquisa evolutiva e com frequência excluem temas como ecologia e saúde das abordagens a partir da EB, e práticas que ainda restringem essa abordagem ao final do ensino médio, de forma isolada e, frequentemente, dependente dos conteúdos de genética. Também foram verificadas potencialidades e dificuldades na nova estruturação do Ensino Médio a partir da BNCC para o trabalho com o tema, bem como o embate com concepções equivocadas, crenças religiosas e dificuldades conceituais por parte dos estudantes. Os dados foram utilizados para subsidiar propostas de material para formação continuada dos professores da rede pública do DF, para capacitação ao enfrentamento dos problemas.