A farda que pesa : percepções sobre o cotidiano e o trabalho no Grupo Tático Operacional da PMDF

Abstract

As instituições policiais são parte crucial da vida social contemporânea, sua presença capilarizada lhe garante um lugar privilegiado na organização da vida social. Neste sentido, este trabalho buscou compreender como policiais militares do Grupamento Tático Operacional de duas Regiões Administrativas do DF (Planaltina e Ceilândia) organizam seu trabalho cotidiano e produzem sua ação prática. O objetivo desta dissertação, por sua vez, versou sobre a construção dos conceitos de juventude, criminalidade e território, elaborados por esses policiais do GTOP. Através de pesquisas de campo realizada nas duas localidades, com a execução de grupos focais e entrevistas, foi possível perceber que o trabalho policial é construído a partir da interpretação simbólica que os policiais fazem sobre esses temas, matéria central da ação policial. Por fim, ao longo do trabalho foi possível concluir que as interpretações dos policiais são orientadas pela formação do conhecimento prático policial, que norteiam suas noções sobre território, crime e juventude. Sendo a compreensão do território impactada pela apreensão do conceito de ordem pública, assim como a noção de crime também é orientada por uma noção legalista da realidade. Com relação à juventude, os policiais dividem os momentos da vida entre o momento da infância, onde há admiração e respeito, por parte das crianças, e a juventude, que traria uma possível relação conflituosa. Contudo, os policiais interpretam essa relação com os jovens a partir de uma chave dualística, onde o jovem de bem é visto como alguém que gosta da polícia e não traria conflitos, e o jovem criminoso que enfrentaria e não mostraria afeto, admiração ou mesmo subserviência à polícia.