As dores maternas e os desafios impostos por ter um filho na socioeducação no Distrito Federal

Abstract

Ser mãe pode também não ser padecer no paraíso, com isso, este trabalho se propõe a compreender as dores maternas e os desafios impostos por se ter um filho na socioeducação. Estas mães lidam com problemas diários, tais quais: pobreza; distância entre sua residência e as unidades de internação; revistas íntimas, algumas vezes, invasivas; ausência paterna; dentre outros. Diante do exposto e a fim de trazer uma reflexão sobre o tema, este estudo tem como objetivo principal compreender o papel da figura materna no desenvolvimento da ressocialização dos jovens que cumprem medida socioeducativa de internação no Distrito Federal – DF. Como objetivos específicos tem-se: i) analisar a trajetória familiar, profissional e educacional das mães de jovens em cumprimento de medida socioeducativa em uma unidade de internação do Distrito Federal; ii) identificar e analisar os principais problemas vivenciados por mães de jovens que cumprem medida socioeducativa de internação ao visitá-los em uma unidade de internação do Distrito Federal; iii) compreender a importância da figura materna no desenvolvimento social dos jovens, os quais cumprem medida de internação; iv) verificar possibilidades de apoio à figura materna, a fim de facilitar a reinserção dos jovens no convívio social. Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi utilizado o método entrevistas semiestruturadas, o qual está contido no espectro da metodologia qualitativa. As sete respondentes foram selecionadas a partir de uma técnica denominada Snowball, dada a especificidade deste público-alvo. Com o desenvolvimento da pesquisa, foi possível perceber que estas mulheres possuem muitas características semelhantes, tais quais: ter vivido em um lar desestruturado, gestação precoce, baixa escolarização, empregos mal remunerados com cargas horárias exaustivas, maternidade-solo, dentre outras. Percebeu-se ainda que elas passam por diversas dificuldades para visitar os filhos, as quais vão desde a distância entre a unidade de internação e seu lar, até a ausência de recursos financeiros para comprar de itens básicos para os filhos ou pagamento de passagens de ônibus, além disso, têm de lidar, em algumas unidades, com revistas invasivas. Ademais, é comum sofrerem preconceitos, sobretudo por pessoas do seu ciclo social pelos atos infracionais cometidos pelos filhos. Outros importantes achados de pesquisa estão relacionados ao fato de as mães terem consciência de sua relevância no processo ressocializatório de seus filhos, todavia, não há uma postura protagonista do Estado, a fim de proporcionar sua atuação mais aproximada. Ao contrário, apesar de regramentos como o ECA e o Sinase apontarem a importância da família neste processo de recuperação, ainda não são disponibilizadas políticas públicas que o façam. Dado o quadro de vulnerabilidade, foi desenvolvida, como produto tecnológico, uma oficina denominada Brigadeiro da Liberdade, essa almeja a geração de renda e emprego para as mães, principalmente, para que o filho, após o cumprimento de medida socioeducativa, não reincida em novos atos infracionais. A oficina é ainda uma opção de emprego para o jovem, visto que ele pode, tanto ajuda na confecção dos doces como vendê-los, o que poderia tirá-lo das ruas, além de trazer uma remuneração, grande desejo materno.