Abandono escolar na EJA durante a pandemia da Covid-19 : uma análise crítica do discurso

Abstract

Este estudo aborda o preocupante fenômeno do abandono escolar durante o período da pandemia da Covid-19, tendo como objetivo principal analisar, por meio de discursos, como a pandemia da Covid-19 contribuiu para explicar os índices de abandono escolar e o que esse fato pode influenciar nos modos de representação acional e identitária dos estudantes e dos professores. Situada na área da Linguística, esta pesquisa adota como base teórica a Análise de Discurso Crítica (ADC), tendo como referência as contribuições de autores como Fairclough (2001, 2003), Chouliaraki e Fairclough (1999), Teun van Dijk (2011), Wodak (2003, 2004), Resende e Ramalho (2004, 2011), Resende (2006, 2009, 2018), Magalhães, Martins e Resende (2017), bem como os estudos de Thompson (2011) sobre ideologia. A abordagem também se apoia nas vozes da Pedagogia Crítica, incluindo nomes como Freire (1997, 2021), Arroyo (2017) e Giroux (1997), e da Pedagogia Decolonial, com contribuições de autores como Walsh (2005, 2017), Mignolo (2003) e Quijano (2007), entre outros que enriquecem e sustentam essa pesquisa. Empregando uma abordagem qualitativa de cunho etnográfico, o estudo abarca anotações de campo, entrevistas semiestruturadas e a análise de documentos orientadores do ensino remoto. Adicionalmente, reportagens sobre o panorama educacional durante o período da pandemia são utilizadas como fontes de dados. Essas diversas ferramentas de coleta e geração de dados se mostram essenciais para a formação de um panorama completo. Os resultados obtidos revelam que o abandono escolar durante esse período desafiador se deve a fatores como a falta de habilidade no uso das ferramentas tecnológicas, as dificuldades de aprendizado sem a presença física dos professores e a sobrecarga de tarefas, notadamente para as mulheres que se encontram na posição de conciliar a assistência aos filhos e o próprio trabalho. As contribuições significativas dessa pesquisa transcendem a esfera acadêmica e delineiam um caminho para reformular a educação como um agente efetivo de mudança social. Além disso, destacam a necessidade urgente de adotar uma abordagem mais compassiva e empática em relação às trajetórias educacionais, especialmente nas modalidades de Educação de Jovens e Adultos (EJA), com o intuito de concretizar uma visão autenticamente emancipadora, conforme defendida pelo presente estudo.