http://repositorio.unb.br/handle/10482/47021
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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PollianaTeixeiraDaSilva_DISSERT.pdf | 1,36 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Título: | Deus é uma mulher preta? : as representações sociais construídas por mulheres negras idosas do Distrito Federal sobre seus envelhecimentos |
Autor(es): | Silva, Polliana Teixeira da |
Orientador(es): | Chariglione, Isabelle Patriciá Freitas Soares |
Assunto: | Representações sociais - Distrito Federal (Brasil) Mulheres negras Envelhecimento Desenvolvimento humano |
Data de publicação: | 14-Dez-2023 |
Data de defesa: | 7-Jul-2023 |
Referência: | SILVA, Polliana Teixeira da. Deus é uma mulher preta?: as representações sociais construídas por mulheres negras idosas do Distrito Federal sobre seus envelhecimentos. 2023. xvi, 133 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar) — Universidade de Brasília, 2023. |
Resumo: | Estudar a população idosa, negra e feminina implica na necessidade de compreender suas vivências, partindo do conhecimento de que a experiência de envelhecer não é universal, uma vez que as pessoas ocupam diferentes espaços no mundo a partir da cultura, história e contextos de um país ou região. Em um país tão marcado pela desigualdade e opressões estruturais, desenvolvimento humano e aspectos sociais não podem ser analisados separadamente. A Teoria das Representações Sociais funciona como uma importante ferramenta da investigação dos significados que as mulheres atribuem à essa conjugação entre gênero, raça e geração. O objetivo da presente dissertação é investigar as representações sociais construídas por mulheres idosas negras, residentes do Distrito Federal, acerca do próprio envelhecimento. Esse estudo faz uso de método misto, dialogando com métodos quantitativos e qualitativos. É uma pesquisa transversal e, também, um trabalho de perspectiva exploratória. Foram entrevistadas 31 mulheres negras residentes do Distrito Federal, com idades variadas a partir dos 60 anos, buscando compreender as representações sociais que essas mulheres construíram acerca de seus respectivos envelhecimentos enquanto mulheres, negras e idosas. Para fins de análise dos dados coletados, foi utilizado o software IRaMuTeQ, que oferece um conjunto de ferramentas descritivas de análise do corpus textual. A média de idade das participantes foi de 68,8 anos, e as entrevistas duraram, em média, 35 minutos. Dentre as entrevistadas, 90,3% da amostra não está em um relacionamento amoroso atualmente, e aproximadamente metade das mulheres entrevistadas não chegou ao Ensino Superior. Além disso, a maioria das participantes vive nas Regiões Administrativas do Distrito Federal, e não na região central, Brasília. Foram construídas três análises através do software: o Dendrograma de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), a Análise Fatorial das Correspondências e a Nuvem de Palavras. O Dendrograma dividiu os discursos em três grandes classes: a classe 1 (Vivências Intrapessoais), a classe 2 (Memórias e Projeções) e a classe 3 (Tornar-se Negra). As classes 1 e 3 são subclasses da classe 2. A Análise Fatorial das Correspondências evidenciou o caráter fortemente independente das três classes estáveis, e a Nuvem de Palavras destacou que, embora as perguntas da entrevista semiestruturada tenham sido sobre envelhecimento e negritude, as palavras referentes ao envelhecimento e suas derivações aparecem em posições mais periféricas; já os termos sobre negritude, mais ao centro. A partir das entrevistas, destaca-se que as representações sociais das participantes referentes ao envelhecimento e negritude foram construídas e expostas através das histórias que elas contavam sobre sua juventude, seu momento atual e suas expectativas sobre a realidade futura. Também foi perceptível a negação como elemento recorrente nos discursos. A palavra “não” ocupou o centro da Nuvem de Palavras, e a análise advindas do IRaMuTeQ indicam que, ainda que as mulheres neguem a experiência pessoal do racismo (classe 1; Vivências Intrapessoais), elas reconhecem que há uma diferença na organização social entre pessoas brancas e negras (classe 3; Tornar-se Negra). Muitas mulheres entrevistadas elencaram as dificuldades físicas e o preconceito como principais elementos da velhice enquanto etapa de vida. Isto é, as representações sociais que elas têm sobre esse período são retratadas pela ideia de incapacidade, desuso e preconceito. Já no que tange às experiências raciais, a maior parte das entrevistadas negou que a negritude tenha sido um fator desafiador em suas vidas, mas, conforme a entrevista acontece, elas se contradizem e relatam ter vivido situações violentas atreladas às suas identidades raciais, categorizando-as como “bullying” e, talvez, distanciando-se da dor provocada pelo racismo. Percebe-se, então, que parte das representações sociais construídas pelas participantes sobre seus respectivos envelhecimentos enquanto mulheres negras foi perpassada pela negação – seja em tom de conformismo e impossibilidades, no que tange ao envelhecimento; seja no sentido de se afastar de eventuais prejuízos, dentro dos aspectos raciais. Sendo assim, fica evidente que a investigação do fenômeno do envelhecimento não deve ser pautada na busca pela universalidade, mas sim no esforço de entender as nuances de cada realidade, especialmente em um país tão diverso e continental como o Brasil. Com base nos achados dessa pesquisa, sugere-se a elaboração de novos estudos que considerem o envelhecimento interseccional, entendendo as múltiplas realidades e contextos que podem impactar na maneira como as pessoas chegam à velhice. |
Abstract: | Studying the elderly, black and female population implies the need to understand their experiences, based on the knowledge that the experience of aging is not universal, since people occupy different spaces in the world based on the culture, history and contexts of a country or region. In a country so marked by inequality and structural oppression, human development and social aspects cannot be analyzed separately. The Theory of Social Representations works as an important tool for investigating the meanings that women attribute to this combination of gender, race and generation. The aim of this dissertation is to investigate the social representations constructed by elderly black women, residents of the Federal District, about the aging process itself. This study uses a mixed methodology, dialoguing with quantitative and qualitative methods. It is a crosssectional research and also an exploratory work. Thirty-one black women residing in the Federal District, aged from 60 years and older, were interviewed, seeking to understand the social representations that these women constructed about their respective aging processes as women, black and elderly. For the purposes of analyzing the collected data, the IRaMuTeQ software was used, which offers a set of descriptive tools for analyzing the textual corpus. The average age of the participants was 68.8 years old, and the interviews lasted, on average, 35 minutes. Among the interviewees, 90.3% of the sample is not currently in a romantic relationship, and approximately half of the interviewed women did not reach higher education. In addition, most of the participants live in the Administrative Regions of the Federal District, and not in the central region, Brasília. Three analyzes were built using the software: the Dendrogram of Descending Hierarchical Classification (CHD), the Factor Analysis of Correspondences and the Word Cloud. The Dendogram divided the speeches into three large classes: class 1 (Intrapersonal Experiences), class 2 (Memories and Projections) and class 3 (Becoming Black). Classes 1 and 3 are subclasses of class 2. The Factorial Analysis of Correspondences showed the strongly independent character of the three stable classes, and the Word Cloud highlighted that, although the semi-structured interview questions were about aging and blackness, the words referring to aging and its derivations appear in more peripheral positions; already the terms about blackness, more to the center. From the interviews, it is highlighted that the social representations of the participants regarding aging and blackness were constructed and exposed through the stories they told about their youth, their current moment and their expectations about the future reality. Denial was also noticeable as a recurring element in the speeches. The word “no” occupied the center of the Word Cloud, and the analysis from IRaMuTeQ indicates that, although women deny the personal experience of racism (class 1; Intrapersonal Experiences), they recognize that there is a difference in the social organization between white and black people (Class 3; Becoming Black). Many women interviewed listed physical difficulties and prejudice as the main elements of old age as a life stage. That is, the social representations they have about this period are portrayed by the idea of disability, disuse and prejudice. With regard to racial experiences, most of the interviewees denied that blackness was a challenging factor in their lives, but, as the interview takes place, they contradicted themselves and reported having experienced violent situations linked to their racial identities, categorizing them. as “bullying” and perhaps distancing themselves from the pain caused by racism. It can be seen, then, that part of the social representations built by the participants about their respective aging processes as black women was permeated by denial – either in a tone of conformism and impossibilities, with regard to aging; either in the sense of moving away from possible damages, within the racial aspects. Therefore, it is evident that the investigation of the phenomenon of aging should not be based on the search for universality, but on the effort to understand the nuances of each reality, especially in a country as diverse and continental as Brazil. Based on the findings of this research, it is suggested that new studies be developed that consider intersectional aging, understanding the multiple realities and contexts that can impact the way people reach old age. |
Unidade Acadêmica: | Instituto de Psicologia (IP) Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento (IP PED) |
Informações adicionais: | Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento, Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar, 2023. |
Programa de pós-graduação: | Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar |
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Agência financiadora: | Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). |
Aparece nas coleções: | Teses, dissertações e produtos pós-doutorado |
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