A avaliação formativa e o pensamento crítico e criativo em matemática na percepção de professores dos anos iniciais do ensino fundamental

Abstract

Nos conteúdos matemáticos dos Anos Iniciais, o acompanhamento dos estudantes pelo professor apresenta-se essencial ao desenvolvimento das aprendizagens obtidas na classe, sendo realizado de modo sistemático por meio de avaliações da aprendizagem. Preparar o indivíduo para questionar e assim, elaborar problemas, desenvolver múltiplas estratégias para resolvê-los e buscar reflexões, não são situações usuais nestas classes em relação a estes conteúdos. Ao considerar, então, a proposição de situações de elaboração e resolução de problemas por meio de estratégias individuais e diferenciadas, contribui-se com o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo dos estudantes, pois ao serem tomadas decisões sobre a geração de estratégias de resolução, múltiplas ideias propostas serão geradas (fluência e flexibilidade de pensamento) e consideradas adequadas e plausíveis (originalidade) e assim, argumenta-se em favor da melhor ideia para que o problema seja resolvido (FONSECA; GONTIJO, 2021). No presente estudo, de caráter exploratório, observacional e bibliográfico, recorremos ao método hermenêutico-fenomenológico com vistas a responder à seguinte questão de pesquisa: qual a percepção dos professores quanto a avaliação formativa para desenvolvimento do pensamento crítico e criativo em matemática dos estudantes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental das escolas públicas do Distrito Federal? Motivados por esta inquietação, propomo-nos a discutir que maneira percebemos quais intervenções avaliativas em matemática prestam-se à avaliação formativa, na perspectiva do desenvolvimento do pensamento crítico e criativo em matemática. Por meio de pesquisa participante, foi ofertado para um grupo de oito professores dos Anos Iniciais de escolas públicas do Distrito Federal o curso “Avaliação Formativa na perspectiva do pensamento crítico e criativo em matemática” (AFPPCCM), que se tratou de uma atividade de formação continuada em nível de extensão universitária na modalidade híbrida para realização concomitante à atividade profissional, sendo que as tarefas deveriam ser elaboradas colaborativamente entre pares ou pequenos grupos de participantes, aplicadas em suas aulas e depois, socializadas junto aos colegas, para análises e partilha de experiências. O curso AFPPCCM se constituiu como um dos procedimentos de coleta de dados, além dos questionários e entrevistas individuais, do grupo focal on-line, das transcrições das falas dos encontros remotos, presenciais e em ambiente virtual de aprendizagem e das atividades avaliativas “hands on” (mãos na massa) realizadas pelos participantes em suas turmas, para identificar e interpretar os fenômenos em meio aos processos observados na coleta dos dados analisados qualitativamente, por meio da Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2010), com auxílio do software Atlas.ti para a triangulação dos dados coletados. Chegamos às seguintes percepções: ao ampliar o próprio olhar, de maneira atenta e crítica ao que propõe como atividade avaliativa, o professor abre espaço para questionar e refletir acerca do conteúdo de cada proposta, rompendo com o ensino transmissivo e com a própria alienação, ampliando o próprio olhar crítico e reflexivo, bem como do estudante; são necessárias as atividades de formação continuada do professor dos Anos Iniciais sobre o pensamento crítico e criativo em matemática e acerca da avaliação formativa, para expandir o repertório de conhecimentos sobre instrumentos e procedimentos que podem ser utilizados nas avaliações matemáticas a partir da perspectiva do desenvolvimento do pensamento crítico e criativo em matemática. A tese que se confirma é de que a formação continuada em serviço é fundamental para mudanças culturais na prática pedagógica dos professores, em especial no campo da avaliação formativa, conduzida por meio de variados instrumentos ou procedimentos, apoiada em uma rubrica que contemple a perspectiva do pensamento crítico e criativo em matemática, com vistas a potencializar as aprendizagens e superar as fronteiras estabelecidas pelo currículo escolar que dificultem o pleno desenvolvimento do educando.