A conjugalidade diante do adoecimento por câncer de mama : união ou separação?

Abstract

Nesta dissertação, busca-se compreender as relações entre a conjugalidade e o adoecimento por câncer de mama. A dissertação é composta por três artigos. No primeiro, apresentou-se uma revisão integrativa da literatura acerca das relações entre o câncer de mama feminino e diferentes dimensões da conjugalidade. As buscas foram realizadas nas plataformas Psycnet, Scielo e Lilacs, selecionando-se 29 artigos. A coesão conjugal mostrou-se relacionada a sintomas ansiosos e depressivos, graus de esperança, espiritualidade e estratégias de coping. Evidenciou-se a dificuldade de flexibilizar os papéis no contexto doméstico. A comunicação negativa mostrou-se associada à satisfação conjugal, enquanto a sexualidade foi influenciada pelo medo de abandono dos maridos. No segundo, buscou-se compreender o processo de divórcio para a mulher segundo uma perspectiva sistêmico-feminista. Apesar dos estigmas ainda existentes, o divórcio pode contribuir para o desenvolvimento pessoal, mesmo que haja perdas. No terceiro artigo, apresentou-se um estudo de caso coletivo em que se buscou compreender a conjugalidade de duas mulheres com câncer de mama: uma que se manteve casada e outra que se separou durante o processo de adoecimento. Os dados foram obtidos por meio de entrevista semiestruturada e elaboração de genograma. O adoecimento por câncer pode contribuir para a reavaliação sobre a vida e o relacionamento, promovendo a alteração da dinâmica relacional; enquanto o luto antecipatório pode contribuir para a reafirmação da afetividade. O diagnóstico e tratamento de câncer promove reconfigurações em diferentes dimensões da conjugalidade, sendo necessário compreender a influência da história do casal, dos valores sociais e familiares, bem como da presença de estressores adicionais, na forma como essa experiência será vivenciada por cada casal. Os estudos apresentados contribuem para a compreensão sobre como a conjugalidade e o câncer de mama se relacionam. O divórcio é uma das possibilidades diante da reconfiguração conjugal, e o olhar sistêmico-feminista sobre esse fenômeno contribui para uma visão menos estigmatizante.