Intervenção nutricional de promoção de alimentação saudável via smartphone entre adolescentes de escolas públicas do Distrito Federal

Abstract

Introdução: O cenário epidemiológico desfavorável entre adolescentes, com aumento das taxas de obesidade, em função, entre outros aspectos, do grande consumo de alimentos ultraprocesados, evidencia a importância de intervenções nutricionais voltadas para esse público. Estas devem incorporar conceitos do Guia Alimentar para a População Brasileira e estratégias atuais e inovadoras, como as de mobile health. Objetivo Avaliar os efeitos de uma intervenção nutricional de promoção de alimentação saudável via smartphone entre adolescentes de escolas públicas do Distrito Federal sobre as variáveis de consumo alimentar, conhecimento nutricional, autoeficácia para adoção de práticas alimentares saudáveis e estágios de mudança. Métodos– artigo original 1: Estudo transversal abrangendo 347 adolescentes do 3ª ano do Ensino Médio. Avaliou-se por meio da aplicação de um questionário as variáveis: idade, sexo, escolaridade materna, consumo alimentar, estágios de mudança, conhecimento sobre alimentação saudável e autoeficácia para adoção de práticas alimentares saudáveis. Realizaram-se análises descritivas e adotou-se o teste de Kruskal-Wallis e de correlação de Spearman (rho) para identificar, respectivamente, possíveis associações e correlações entre as variáveis. Métodos– artigo original 2: Ensaio comunitário randomizado controlado conduzido com 112 adolescentes do 3ª ano do Ensino Médio. Os participantes receberam, via WhatsApp, uma mensagem por dia, na hora do almoço, durante 42 dias. O grupo controle recebeu mensagens relacionadas à prevenção da violência no namoro e o grupo intervenção recebeu mensagens de promoção de alimentação saudável baseadas no Guia Alimentar para População Brasileira. Por meio do questionário aplicado antes e após a intervenção, foram investigadas as variáveis: idade, sexo, escolaridade materna, consumo alimentar, estágios de mudança, conhecimento sobre alimentação saudável e autoeficácia para adoção de práticas alimentares saudáveis. O impacto da intervenção foi avaliado por meio do teste de interação de uma ANOVA mista bidirecional. As comparações intra-grupos foram feitas por meio do teste de Wilcoxon. Resultados– artigo original 1: Foi observada associação entre estágios de mudança e alimentação saudável (p <0,001) e entre estágios de mudança e consumo de frutas e hortaliças (p<0,001), com escores mais elevados para aqueles em ação e manutenção. Aqueles em estágio de manutenção tiveram menor consumo de bebidas açucaradas (p=0,012) do que pré-contemplação e contemplação. Aqueles em pré-contemplação tiveram menores escores de autoeficácia (p <0,001) do que os demais estágios. Houve uma correlação positiva entre conhecimento e autoeficácia (rho = 0,4; p <0,001) e correlações negativas entre autoeficácia e alimentação não saudável (rho = -0,143–; p = 0,007), conhecimento e consumo de bebidas açucaradas (rho=-0,176; p <0,001) e autoeficácia e consumo de bebidas adoçadas com açúcar (rho = -0,182; p <0,001). Resultados– artigo original 2: Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas comparações intra-grupos (p> 0,005) e inter-grupos (p> 0,005). Conclusão: Sugere-se que futuras intervenções avaliem previamente a amostra de estudo por meio de estudos observacionais com a população-alvo; tenham mecanismos de analisar se as mensagens estão sendo lidas pelos participantes e sejam combinadas com estratégias de Educação Alimentar e Nutricional mais interativas. Ressalta-se que o estudo contribuiu para o aprimoramento de futuras intervenções nutricionais com adolescentes que venham a implementar as informações do Guia Alimentar para a População Brasileira por meio do WhatsApp ou outras tecnologias possíveis em mHealth.