Análise do desempenho ambiental de rotas alternativas de aproveitamento de resíduos sólidos urbanos e agrossilvopastoris

Abstract

O principal objetivo deste estudo é avaliar de forma ambiental a utilização dos resíduos do Distrito Federal para a geração de energia, utilizando como ferramenta uma Avaliação de Ciclo de Vida. A unidade funcional é 1 tonelada de resíduo tratado. Os resíduos avaliados são o Resíduo Sólido Urbano e o Resíduo Agrossilvopastoril, ambos no escopo do Distrito Federal. Para o RASP, avalia-se os cenários de não utilização do resíduo, com decomposição no local de produção e colheita, cenário 1, o cenário de coleta do resíduo e digestão anaeróbia em usinas descentralizada, cenário 2, e o cenário de coleta e transporte, cenário 3, com digestão anaeróbia em uma usina central. Para a avaliação do RASP, o maior volume de resíduos foi estimado conforme a produção agrossilvopastoril do DF, a qual foi geolocalizada conforme o cadastro de unidades rurais do IBGE. A produção também foi avaliada conforme a sazonalidade e razão de produção de resíduos, baseada em literatura. Foi modelado um processo de coleta, que também definiu a razão ótima de retirada de resíduos. Além disso, foi feita roteirização do transporte de RASP, usando QGIS, caracterização média dos resíduos conforme a literatura, com base nos produtos agrossilvopastoris, e foi utilizado um modelo simples de digestão anaeróbia, com base na caracterização obtida. Avalia-se o RSU em dois cenários, o atual método de destinação, cenário 4, para um aterro sanitário, e a incineração do resíduo com recuperação energética, cenário 5. Analisou-se as rotas programadas para a coleta e transporte de resíduos, bem como a quantidade, gravimetria, e a sazonalidade da geração. Com base na gravimetria média, caracterizou-se o RSU em sua composição elementar e utilizouse inventários de literatura, adequados aos valores da composição elementar, tanto para o cenário 4 como para o cenário 5. A modelagem de cada cenário foi feita no software GaBi através dos inventários construídos. Os cenários foram avaliados em 7 categorias de impacto: potenciais de aquecimento global, acidificação, eutrofização, ecotoxicidade aquática, ecotoxicidade terrestre, toxicidade humana e depleção abiótica. Para os cenário 1, a literatura defende um impacto neutro, que foi comparado com os cenários 2 e 3. Para ambos os cenários 2 e 3, nas categorias de GWP, AP e EP, há um maior dano ao meio ambiente em relação ao cenário 1. Por outro lado, TETP, HTP, FAETP e ADP contam com mitigação dos danos apresentados nos cenários 2 e 3. Para o RSU, o cenário de incineração performa melhor nas categorias de TETP, ADP e FAETP. Porém, o aterro sanitário é melhor nas categorias de HTP, GWP, EP e AP. Em suma, os resultados obtidos indicam um desempenho ambiental inferior para o cenário de incineração de RSU e potencialidade de mitigação de danos ambientais para a digestão anaeróbia de RASP, a depender de ajustes no modelo utilizado e produtos do processo.