A predição do bem-estar subjetivo a partir da personalidade, relações interpessoais e renda mensal

Abstract

A presente dissertação teve como objetivo geral construir um modelo preditivo do bem-estar subjetivo (BES) a partir dos cinco grandes fatores da personalidade, relações interpessoais e renda mensal. Para além disso, objetivou-se, também, obter evidências psicométricas adicionais da Escala de Satisfação com a Vida (ESV) e da Escala de Afetos Positivos e Negativos (PANAS), além de testar uma estrutura fatorial alternativa, unindo as duas escalas. Para isso, foram realizados dois estudos independentes. O primeiro estudo, descrito no manuscrito 1, teve como objetivo apresentar evidências psicométricas de dois instrumentos utilizados na Psicologia Positiva. Participaram do estudo 305 indivíduos com idades entre 18 e 70 anos (M = 34,07, DP = 11,79), provenientes das cinco macrorregiões geográficas do Brasil. Foram utilizados os seguintes instrumentos: (1) ESV, (2) PANAS e (3) questionário sociodemográfico. De maneira geral, as escalas apresentaram propriedades psicométricas satisfatórias, incluindo uma nova proposta de estrutura unificada dos fatores de satisfação com a vida e afetos positivos. No segundo estudo, descrito em manuscrito 2, o objetivo foi construir um modelo preditivo do BES a partir dos cinco grandes fatores de personalidade, das relações interpessoais e da renda mensal. Foi utilizada a mesma amostra de respondentes do estudo 1. Além dos instrumentos respondidos no estudo anterior, foram acrescentadas as seguintes escalas: (1) Escala Reduzida dos Cinco Grandes Fatores da Personalidade (ER5FP) e (2) Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI). Para as análises de dados foram realizadas análises descritivas, análise fatorial semi-confirmatória e regressão linear múltipla hierárquica. No que se refere aos resultados, verificamos que os fatores de extroversão (Beta = 0,120), conscienciosidade (Beta = 0,154), estabilidade emocional (Beta = -0,642) e personal distress (Beta = 0,137) explicaram 37% da variância de afetos negativos. A variável renda apresentou um nível de significância marginal (p = 0,052). Ainda, os fatores de conscienciosidade (Beta = 0,350), estabilidade emocional (Beta = 0,188), abertura a experiências (Beta = 0,125), tomada de perspectiva/consideração empática (Beta = 0,128) e renda (Beta = 0,163) explicaram 48% da variância da variável critério afetos positivos/satisfação com a vida. A partir dos resultados, podemos entender melhor o BES a partir de seus preditores, e para além disso, contribuir com a literatura já existente e pesquisas futuras que abordam essa temática.