Avaliação de demarcações de estomias intestinais como medida preventiva de complicações: uma análise temporal

Abstract

Introdução: Muitos são os fatores de risco que contribuem para uma pessoa com estomia desenvolver as complicações relacionadas à estomia de eliminação intestinal, fatores relacionados ao paciente, à cirurgia e à doença de base. Demarcar é o ato de delimitar o local ideal, na parede abdominal, para a realização do estoma. Uma estomia bem localizada pode proporcionar melhor autocuidado, prevenção de complicações, segurança no autocuidado, qualidade de vida e reintegração à vida social da pessoa com estomia. Objetivo: Avaliar as demarcações de estomias intestinais como medida preventiva de complicações, uma análise temporal e comparar com pacientes não demarcados. Método: Estudo descritivo de caráter retrospectivo com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado em um hospital de ensino de Brasília, com os pacientes que tiveram confecção de estomias intestinais entre o período de 2014 a 2023. Foi aplicado um questionário online, com abordagem de dados sociodemográficos e clínicos. A análise dos dados foi a partir das informações coletadas, tabuladas e organizadas para a elaboração das tabelas, utilizando no software Microsoft Excel for Windows 2017®, a caracterização sóciodemográfica da amostra foi feita por análise descritiva. Para o estudo dos dados clínicos, além da análise exploratória dos dados, também estudou-se as relações com a aplicação do teste Qui Quadrado e utilizou-se também análise de Correspondência Múltipla (MCA) e Análise Hierárquica de Cluster (HCA). Resultados: Participaram do estudo 71 pessoas com estomia intestinal. A maioria 44 (62%) mulheres com idade entre 50 a 59 anos. Em relação ao grau de instrução, 36 (51%) tinham o ensino médio completo. Quanto ao estado civil, 36 (51%) declararam ter parceiro atualmente (casado/união estável). A doença de base que mais indicou a confecção das estomias foi o câncer colorretal aparece em 35 (49%) dos casos, seguido das doenças inflamatórias intestinais 18 (25%). A maioria dos participantes, 36 (51%) declarou ter companheiro e se sente seguro no autocuidado 61 (86%). Nesse estudo houve predomínio de colostomias 39 (55%) temporárias 47 (66%). O cenário observado no momento pré-operatório evidencia que 60 (85%) pacientes afirmam que receberam orientação antes da cirurgia realizada e 33 (46%) declaram que houve demarcação. Em relação as complicações, a mais incidente nesse estudo foi a dermatite paraestomal com 49% dos casos. Conclusão: Respondendo aos objetivos inicialmente proposto e mediante os resultados obtidos, o presente estudo possibilitou identificar que nesse grupo avaliado a demarcação préoperatória que antecede ao procedimento cirurgico de confecção de estomias intestinais, por um profissional da saúde habilitado para isso, com o conhecimento específico, é uma linha de tendência de ação que previne complicações pós-operatórias, tardias ou não, relacionadas à colostomia ou ileostomia.