Colaboração interprofissional em tempos de pandemia do coronavírus

Abstract

Introdução: A procura por leitos de Unidade de Terapia Intensiva aumentou significativamente na pandemia da COVID-19. Os pacientes acometidos pelo vírusrapidamente agravavam-se, necessitando de cuidados intensivos. A dinâmica dotrabalho em situações complexas, especialmente em ambiente crítico e instável, requer estreita colaboração entre os profissionais e envolve fatores interacionais, assim como sistêmicos e organizacionais. Objetivo: Este estudo tem como objetivoanalisar a colaboração interprofissional efetiva em cenário de cuidados críticos.Material e Método: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo realizado emUnidade de Terapia Intensiva/COVID-19 de um hospital público em Brasília-DF, realizado em duas etapas. Na 1ª etapa, houve uma abordagem qualitativa, que ocorreu por meio de observação sistemática. A 2ª foi quantitativa, na qual os dadosforam coletados por meio de questionário semiestruturado e das Escalas de Avaliaçãoda Colaboração Interprofissional em Equipe e de Jefferson de Atitudes Relacionadasà Colaboração Interprofissional. Resultados e Discussão: Foram três meses deobservação sistemática in loco. Neste período, foi possível identificar o processoefetivo de colaboração interprofissional - interações formais e informais no cotidianoda UTI. Na percepção dos participantes, os fatores que facilitam a colaboraçãointerprofissional são: o respeito, a comunicação e a conhecimento. Ações urgentes enecessárias no contexto da UTI COVID-19 colocaram em evidência domínios dacolaboração importantes para o funcionamento de uma equipe interprofissional, comoo relacional, caracterizado pela mudança na composição da equipe, os processos detreinamento em face da imprevisibilidade de uma nova doença, o organizacional coma contratação emergencial de novos profissionais e aquisição de insumos, assimcomo o contexto local e mundial da COVID-19. Participaram 42 profissionais de saúdecom idade entre 35 e 44 anos e tempo de prática na profissão de 16 anos. A avaliaçãoda colaboração interprofissional na equipe apresentou escores estatisticamente significativos entre os profissionais que possuíam diferentes níveis de escolaridade,como a graduação e especialização (p ≤ 0,05). Quanto à atitude de colaboraçãointerprofissional, não se observou diferença estatística entre os profissionais comdiferentes níveis de escolaridade. Comparando a percepção da colaboraçãointerprofissional versus tempo de prática na mesma equipe ≤ 10 e ≥ 10 anos, nãohouve diferença entre os grupos. Conclusão: Os desafios para a colaboração interprofissional, no contexto de uma UTI COVID-19, foram transformados emoportunidades no sentido de assegurar uma melhor atenção à saúde, estabelecendose formas de interações que envolvem os domínios: relacional, processual,organizacional e contextual, necessários para uma colaboração efetiva.