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Título: Maternidade, um apelo ao corpo e ao psiquismo : análise longitudinal e multimétodo, com Rorschach (Escola de Paris)
Autor(es): Ornelas, Camila Taunay
Orientador(es): Amparo, Deise Matos do
Assunto: Maternidade
Rorschach, Teste de
Data de publicação: 30-Jul-2024
Referência: ORNELAS, Camila Taunay. Maternidade, um apelo ao corpo e ao psiquismo: análise longitudinal e multimétodo, com Rorschach (Escola de Paris). 2023. 285 f., il. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica e Cultura) — Universidade de Brasília, Brasília, 2023.
Resumo: Tornar-se mãe pela primeira vez coloca em questão a história das relações de apego anterior à concepção, a capacidade psíquica de mentalização e também o impacto da travessia da maternidade no corpo. De fato, no período gravídico-puerperal, o aparelho mental e o corpo são solicitados de tal forma que se configura, em geral, ocasião de crise psíquica. Tratar da maternidade requer, portanto, articular as formas com que o corpo e o psiquismo são convocados durante a transição para a maternidade e das implicações subjetivas dessas transformações na gestação, no parto e no pós-parto. A título de investigação exploratória, foi realizada uma avaliação multimetodológica e longitudinal com dez mulheres primíparas e primigestas, entre vinte e cinco e quarenta e cinco anos, sem diagnóstico psiquiátrico ou físico prévio. Utilizou-se o modelo de pesquisa com grupo único, com os dados sendo obtidos de forma longitudinal, em dois momentos: no último trimestre de gestação e no primeiro trimestre após o nascimento. Os seguintes instrumentos de pesquisa foram utilizados na investigação: Questionário Sociodemográfico; Método de Rorschach (Escola de Paris); Relationship Scale Questionnaire (RSQ), Adult Attachment Interview (AAI) e o Questionário de Reavaliação no Pós-parto. Os instrumentos foram analisados segundo os seus modelos interpretativos específicos e o Rorschach seguindo a Escola de Paris com ênfase da análise das dimensões psíquicas destacando-se os indicadores relativos à representação de si, do corpo e da mentalização. A análise dos resultados foi realizada inicialmente por meio de uma avaliação cruzada do RSQ, AAI, Questionário de Reavaliação no Pós-parto e Rorschach, considerando a avaliação das mulheres na gestação e no pós-parto. Em seguida, os protocolos de Rorschach referentes ao período gestacional foram analisados de forma exploratória comparando-se com os dados normativos. Depois realizou-se a análise longitudinal dos protocolos de Rorschach comparando os resultados da gestação e do pós-parto. Por fim, apresentou-se um estudo de caso, no qual priorizou-se uma análise pormenorizada, qualitativa e longitudinal com integração das informações coletadas nos diversos instrumentos de pesquisa. Os resultados indicaram que a maternidade pode causar mudanças significativas nos estilos de apego e na representação de si, mesmo em uma população sem fatores de risco. O parto parece desempenhar um papel importante na autopercepção das mulheres e no estabelecimento do vínculo com o recémnascido. Após o parto, muitas mulheres adotaram estratégias de apego mais inseguras e tiveram uma visão negativa de si mesmas, enquanto sua percepção dos outros geralmente melhorou. Observou-se fragilidade nos envelopes corporais e sobrecarga nos aparelhos psíquicos, resultando em dificuldades na capacidade de mentalização. Ainda, os resultados apontam para intensos remanejamentos e possível vulnerabilidade psíquica das mães durante as fases da gestação e do pós-parto, o que reforça a ideia de que esses momentos fragilizam os limites internos das mulheres e modificam os mecanismos habituais de defesa. Reforça-se, contudo, a heterogeneidade dentro do grupo, tendo em vista que mulheres diferentes mostraram recursos mentais desiguais, umas com melhores estratégias de enfrentamento do que outras. Esses achados destacam a importância de fornecer apoio e atenção adequados às mulheres durante o período de travessia para a maternidade, especialmente no parto e pós-parto, e em todo processo delas se tornarem mães.
Abstract: Becoming a mother for the first time directly calls into question the entire attachment history prior to conception, thecapacity for mentalization, as well as the experiences surrounding the body. The transition to motherhood often represents a psychological crisis, demanding significant involvement of both the mental apparatus and the body. Addressing motherhood therefore requires an understanding of how the body and psyche are engaged during the pregnancy-postpartum period. As part of an exploratory investigation, a multimethod and longitudinal evaluation was conducted with ten primiparous women,aged between twenty-five and forty-five years, without previous psychiatric or physical diagnoses. The research employed a single-group design, with data obtained longitudinally at two time points: the last trimester of pregnancy and the first trimester after birth. The following research instruments were used in the investigation: Socio-Demographic Questionnaire; Rorschach Inkblot Test (Paris School); Relationship Scale Questionnaire (RSQ); Adult Attachment Interview (AAI); and the Postpartum Reevaluation Questionnaire. The instruments were analyzed according to their specific interpretative models, and the Rorschach was analyzed following the Paris School, with an emphasis on the analysis of psychic dimensions, particularly indicators related to selfrepresentation, body representation, and mentalization. The analysis of the results was initially carried out through a cross-evaluation of the RSQ, AAI, Postpartum Reevaluation Questionnaire, and Rorschach, considering the evaluation of women during pregnancy and postpartum. Subsequently, the Rorschach protocols related to the gestational period were exploratorily analyzed by comparing them with normative data. Then, a longitudinal analysis of the Rorschach protocols was conducted, comparing the results from pregnancy and postpartum. Finally, a case study was presented, prioritizing a detailed, qualitative, and longitudinal analysis with integration of the information collected from the various research instruments. The results indicated that motherhood can cause significant changes in attachment styles and self-representation, even in a population without risk factors. The childbirth process appears to play an important role in women's self-perception and the establishment of the bond with the newborn. After childbirth, many women adopted more insecure attachment strategies and had a negative self-perception, while their perception of others generally improved. Fragility in bodily envelopes and psychological overload were observed, resulting in difficulties in mentalization. Furthermore, the results point to intense reorganizations and possible psychic vulnerability of mothers during the gestational and postpartum phases, reinforcing the idea that these moments weaken women's internal boundaries and modify their usual defense mechanisms. However, the heterogeneity within the group is emphasized, as different women showed unequal mental resources, with some exhibiting better coping strategies than others. These findings highlight the importance of providing appropriate support and attention to women during the transition period to motherhood, especially during childbirth and postpartum, and throughout their journey of becoming mothers.
Résumé: Devenir mère pour la première fois remet en question l'histoire des relations d'attachement antérieures à la conception, la capacité psychique de mentalisation et également l'impact de la traversée de la maternité sur le corps. En effet, pendant la période de la grossesse et du postpartum, l'appareil mental et le corps sont sollicités de manière à généralement constituer une occasion de crise psychique. Aborder la maternité nécessite donc d'articuler les façons dont le corps et le psychisme sont sollicités lors de la transition vers la maternité, ainsi que les implications subjectives de ces transformations pendant la grossesse, l'accouchement et le postpartum. Dans le cadre d'une recherche exploratoire, une évaluation multiméthodologique et longitudinale a été réalisée avec dix femmes primipares et primigestes, âgées de vingt-cinq à quarante-cinq ans, sans diagnostic psychiatrique ou physique préalable. Les données ont été recueillies de manière longitudinale à deux moments : le dernier trimestre de la grossesse et le premier trimestre après la naissance. Les instruments de recherche suivants ont été utilisés : questionnaire socio-démographique ; méthode de Rorschach (École de Paris) ; Relationship Scale Questionnaire (RSQ), Adult Attachment Interview (AAI) et le Questionnaire de Réévaluation Post-partum. Les instruments ont été analysés selon leurs modèles interprétatifs spécifiques et le Rorschach a été analysé selon l'École de Paris, en se concentrant sur l'analyse des dimensions psychiques, notamment les indicateurs liés à la représentation de soi, l'image du corps et de la mentalisation. L'analyse des résultats a été initialement réalisée par une évaluation croisée du RSQ, de l'AAI, du Questionnaire de réévaluation post-partum et du Rorschach, en tenant compte de l'évaluation des femmes pendant la grossesse et le post-partum. Ensuite, les protocoles de Rorschach liés à la période de grossesse ont été analysés en les comparant aux données normatives. Puis, une analyse longitudinale des protocoles de Rorschach a été réalisée en comparant les résultats de la grossesse et du post-partum. Enfin, une étude de cas a été présentée, privilégiant une analyse détaillée, qualitative et longitudinale intégrant les informations collectées à partir des différents instruments de recherche. Les résultats indiquent que la maternité peut entraîner des changements significatifs dans les styles d'attachement et la représentation de soi, même dans une population sans facteurs de risque. L'accouchement semble jouer un rôle important dans l'autoperception des femmes et dans l'établissement du lien avec le nouveau-né. Après l'accouchement, de nombreuses femmes ont adopté des stratégies d'attachement plus insécures et ont eu une vision négative d'elles-mêmes, tandis que leur perception des autres s'est généralement améliorée. On a observé une fragilité des enveloppes corporelles et une surcharge des appareils psychiques, entraînant des difficultés dans la capacité de mentalisation. De plus, les résultats soulignent des réorganisations intenses et une vulnérabilité psychique possible des mères pendant les phases de la grossesse et du post-partum, ce qui renforce l'idée que ces moments fragilisent les limites internes des femmes et modifient les mécanismes habituels de défense. Cependant, l' hétérogénéité au sein du groupe est soulignée, car différentes femmes ont montré des ressources mentales inégales, certaines ayant de meilleures stratégies d'adaptation que d'autres. Ces résultats mettent en évidence l'importance de fournir un soutien et une attention appropriés aux femmes pendant la période de transition vers la maternité, notamment pendant l'accouchement et le post-partum, ainsi que tout au long du processus de devenir mère.
Unidade Acadêmica: Instituto de Psicologia (IP)
Departamento de Psicologia Clínica (IP PCL)
Informações adicionais: Dissertação (mestrado) — Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2023.
Programa de pós-graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
Aparece nas coleções:Teses, dissertações e produtos pós-doutorado

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