Caracterização das condições de saúde de profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate à doença do Coronavírus (Covid-19) : um estudo transversal

Abstract

Introdução: Segundo a OMS (2020), o Brasil possui no mundo, o segundo maior número de casos e óbitos por coronavírus. Com isso, o número de indivíduos com COVID-19 aumentava exponencialmente, exigindo aumento da carga horária de trabalho dos profissionais da saúde da linha de frente ao tratamento da COVID-19, o que pode impactar nas suas condições de saúde devido a exposição a fatores biológicos e psicossociais. Profissionais da saúde que atuam no atendimento dos pacientes infectados pela COVID-19 estão expostos à alto risco de contaminação pelo SARS-CoV-2, estresse, insônia, dor e outras condições de saúde. Objetivo: Mensurar os níveis de estresse no trabalho, síndrome de Burnout, desconforto musculoesquelético, capacidade para o trabalho presente e futura, qualidade de vida, qualidade do sono e prática de exercícios físicos de profissionais da saúde que atuam na linha de frente no tratamento à COVID-19 nos setores de Emergência, Enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), hospital público de referência regional para o tratamento de pacientes COVID-19, localizado no Distrito Federal – Brasil. Método: Estudo transversal (CAAE 39177620.5.0000.8093). Utilizou-se versão resumida do Job Stress Scale (JSS), Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), Índice de Capacidade para Trabalho (ICT), questionário EQ-5D-3L e Maslach Burnout Inventory (MBI). Os dados foram analisados descritivamente e adotou-se regressão logística binária para identificar os fatores associados à síndrome de Burnout, considerando-se p<0,05. Resultados: 63 participantes foram incluídos no estudo. Todos os participantes apresentaram trabalho passivo (exposição intermediária ao estresse ocupacional) e 9.5% apresentaram síndrome de Burnout. A maioria considerou a qualidade do sono como ‘’boa’’ (f= 27; 42.9%). A presença de desconforto musculoesquelético foi de 79.4%, a região com maior frequência de desconforto foi a coluna cervical (f= 34; 54%). A média para capacidade de trabalho atual e futura, respectivamente, foi de 8.1 (DP= 1.2) e 7.7 (DP=1.9). Em relação à qualidade de vida, os participantes apresentaram um estado de saúde classificado com ‘’bom’’ 0.8 (DP= 0.1). Conclusão: O nível de exposição intermediária ao estresse pode servir de alerta para a implementação de intervenções visando a prevenção de piora e, consequentemente, da suscetibilização para síndrome de Burnout.