Pensar a cidade na filosofia : da ontologia política à fábula do espaço habitado

Abstract

Este estudo tem por objetivo refletir sobre a gênese e o desenvolvimento da cidade, tendo em conta haver diferentes formas de estabelecer os discursos sobre o espaço do homem, a partir de variadas ciências. O fio condutor da pesquisa, embora interdisciplinar, é filosófico. A pesquisa parte da condição espacial, enquanto característica essencial da constituição das relações humanas, em um mundo de contradições e incoerências no qual a cidade é o chão das realidades. O objetivo principal do trabalho é apresentar os principais debates filosóficos em torno da cidade para entender como os problemas da existência dialogam com a dimensão espacial. Com base na análise histórica-filosófica dos debates sobre a dimensão espacial apresentaremos uma crítica da dimensão espacial da existência em uma complexa fabricação de territórios imiscuídos em diversos conceitos, desde a ―multiterritorialidade‖, até a noção de não-lugares. Investigaremos a confrontação de modelos de comunidade que, ao se contraporem aos valores ―urbanos‖, provocam a seguinte reflexão: é possível criar espaços geradores de cultura e pertencimento na lógica de compressão espaço-temporal na qual se baseia o modo de produção das cidades contemporâneas? Posteriormente, buscaremos demonstrar por meio das teorias do espaço urbano, ancoradas nas ontologias políticas, a importância do estudo filosófico da cidade. Apresentaremos estudos da condição humana frente à espacialidade, visto que há uma produção da cidade inserida em realidades que dão significado à vida, em último caso, podendo revelar as formas do pensamento filosófico do espaço, ao longo da história. E por fim, como objetivo secundário, a partir da noção de corporeidade, rediscutir a barbárie do segregacionismo espacial que reduz o cidadão a um mero usuário no seio democrático, de maneira contundente, mediante uma fabricação de terrenos de mortes aos inúteis e indesejáveis.