Análise da dinâmica e estratégias das Redes Sociotécnicas Locais frente às consequências da pandemia da covid-19 no Distrito Federal

Abstract

Trata-se de um estudo cujo objetivo é analisar as ações e estratégias de resiliência das Redes Sociotécnicas da Cidade Estrutural e do Sol Nascente e Pôr do Sol diante das consequências ocasionadas pela Covid-19. O foco recai sobre as dinâmicas desenvolvidas pelo projeto Escola Cidadã e suas contribuições no âmbito social para a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional, assim como o combate à fome. A pesquisa busca responder à seguinte pergunta: Como as redes locais da Cidade Estrutural e do Sol Nascente e Pôr do Sol atuaram na promoção da Segurança Alimentar e Nutricional e no enfrentamento à fome de seus territórios na pós-pandemia da Covid-19? Para atingir esse objetivo, foi conduzida uma pesquisa qualitativa e quantitativa com a participação de 68 integrantes que compõem as redes locais e atores-chave da Cidade Estrutural e do Sol Nascente e Pôr do Sol, no período de abril a outubro de 2023. Foram realizadas oficinas, nas quais o público-alvo foi entrevistado para investigação dos dados sociodemográficos, e a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) foi aplicada. Durante o encontro, ocorreu a construção conjunta da cartografia social local, identificando locais estratégicos compreendidos como pontos de resiliência e vulnerabilidade para a segurança alimentar e nutricional. Como resultado, 95 indivíduos participaram das oficinas, e observou-se que 55,32% do público pesquisado, representando mais da metade dos moradores adultos acima dos 18 anos, enfrentou situações em que a fome foi sentida, mas a falta de recursos financeiros impediu a obtenção de alimentos. Adicionalmente, 44,68% das respostas indicaram que a situação de fome não ocorreu. Dentre os ambientes identificados como pontos de resiliência, destacaram-se o Restaurante Comunitário, CRAS, Cozinha Solidária do MTST, Cozinha Solidária do MTD, Casa da Natureza, Instituto de Economia Solidária do Sol Nascente (EcoSol) e Escolas Públicas dos dois territórios. Por outro lado, ambientes percebidos como pontos de vulnerabilidade incluíram a falta de coleta de lixo, ausência de saneamento básico e a ausência de hortas comunitárias. Conclui-se que a população residente nos territórios estudados tem buscado alternativas possíveis para enfrentar a insegurança alimentar, inclusive na busca por direitos. No entanto, o acesso às políticas públicas ainda é um desafio a ser superado por grande parte da população em situação de vulnerabilidade nos dois territórios.