Neofobia alimentar em crianças com desordens relacionadas ao glúten

Abstract

Introdução: A neofobia alimentar (NA) na infância, caracterizada pela resistência a novos alimentos, impacta o desenvolvimento físico e mental. A nutrição adequada na primeira infância é crucial para prevenir problemas futuros. A NA demanda atenção especial, especialmente em casos de Desordens Relacionadas ao Glúten (DRG), devido aos riscos associados a dietas restritivas e alergias alimentares. Objetivos: Desenvolver uma revisão integrativa sobre neofobia alimentar em crianças e avaliar a NA em crianças brasileiras com DRG. Método: A revisão seguiu as diretrizes do PRISMA, com busca sistemática personalizada em diversas bases de dados. A triagem ocorreu em duas fases, com dois revisores e um terceiro em caso de divergência. O estudo transversal incluiu crianças brasileiras de 4 a 11 anos com DRG. Um questionário validado em português, com 25 questões, avaliou a NA em três eixos: NA geral, NA de frutas e NA de hortaliças. A coleta de dados foi realizada via plataforma Google, e a análise utilizou o teste T de Student e o teste de Mann-Whitney. Resultados: A revisão integrativa abrangeu 17 estudos, evidenciando a adaptação da Food Neophobia Scale e da Children's Food Neophobia Scale para diversos idiomas, com a criação de 11 novos instrumentos. Na avaliação de 209 crianças com DRG, a maioria feminina, 76% diagnosticadas com condição celíaca, 81,3% seguindo dieta alimentar, 43,1% apresentaram neofobia alimentar total moderada. Conclusão: Crianças brasileiras com DRG apresentam prevalência moderada de neofobia alimentar. A neofobia geral e a de hortaliças predominam, enquanto a de frutas é menor. Meninas exibem maior neofobia em hortaliças. A constatação de que a neofobia não varia com a idade é preocupante, sugerindo persistência do comportamento e potenciais desafios nutricionais na vida adulta. A atenção diferenciada a essa população é essencial para minimizar impactos a longo prazo.