Construção da tabela brasileira de teor de cafeína e desenvolvimento do questionário brasileiro de consumo de cafeína

Abstract

Introdução: A cafeína é a substância psicoativa mais consumida no mundo. No Brasil, o café é a principal fonte de cafeína da dieta, sendo o alimento mais ingerido pela população. A cafeína possui caráter estimulante do sistema nervoso central, sendo capaz de contribuir para a redução da fadiga, o aumento do estado de vigília, a melhora da atenção e o aprimoramento do desempenho físico. Por outro lado, o consumo de grandes quantidades (> 400 mg/ dia) pode afetar negativamente o sono, o humor, o desempenho e a saúde em geral. O teor de cafeína nos alimentos pode variar a depender da fonte, das condições ambientais de cultivo e dos métodos de preparo. Certamente, a falta de uma tabela nacional informando o teor de cafeína em alimentos, bebidas, suplementos alimentares e medicamentos vendidos no Brasil e a não obrigatoriedade da divulgação do teor de cafeína nos rótulos dos produtos alimentícios, somadas à ausência de uma ferramenta validada capaz de estimar o consumo de cafeína no país, dificultam a estimativa do consumo de cafeína pela população brasileira. Objetivo: O presente trabalho objetivou construir uma tabela brasileira de teor de cafeína em alimentos, bebidas, suplementos alimentares e medicamentos, além de desenvolver um questionário de consumo de cafeína para a população brasileira. Métodos: Trata-se de um estudo de desenvolvimento metodológico que contou com ampla revisão de literatura para obtenção dos teores de cafeína em alimentos, bebidas, receitas, suplementos e medicamentos usualmente consumidos no Brasil e consequente sistematização dos dados com valores padronizados. Subsequentemente, elaborou-se um questionário virtual de autorrelato para quantificar o consumo médio semanal de cafeína pela população brasileira, identificando as fontes de obtenção da substância. O estudo de validação de conteúdo e avaliação do questionário foirealizado por meio da técnica de juízes especialistas (Método Delphi), em três rodadas de avaliação. Resultados: A Tabela Brasileira de Teor de Caféína (TBTC) apresenta 57 itens com seus respectivos teores médios de cafeína, divididos em 11 categorias: (i) cafés, (ii) chás e infusões, (iii) cacau em pó, (iv) chocolates, (v) bebidas à base de cacau, (vii) sobremesas, (vii) refrigerantes, (viii) energéticos, (ix) guaraná em pó, (x) suplementos alimentares e (xi) medicamentos. O Questionário Brasileiro de Consumo de Cafeína (QCC BR), por sua vez, conta com 46 questões, subdivididas em sete categorias: (i) cafés/ bebidas à base de café; (ii) chás e infusões; (iii) cacau e derivados; (iv) bebidas energéticas/ energéticos; (v) refrigerantes; (vi) suplementos alimentares e (vii) medicamentos. Conclusão: Os instrumentos desenvolvidos surgem como ferramentas de grande relevância e ampla aplicabilidade em contextos clínicos e pesquisas acadêmicas, além de possibilitar à população maior compreensão acerca das quantidades de cafeína presentes em alimentos, bebidas, suplementos alimentares e medicamentos, permitindo avaliar a segurança dos padrões de consumo de cafeína adotados pelos brasileiros.