Meninas-mulheres : retórica do corpo, da dor e do abandono em meninas, de Maria Teresa Horta

Abstract

O livro de contos Meninas (2014), da escritora portuguesa Maria Teresa Horta, aborda temáticas que nos possibilitam pensar sobre os apagamentos históricos sofridos pelas mulheres desde a infância. A tese defendida é de que as meninas/crianças e as suas mães sofrem com problemáticas cíclicas que abarcam o sujeito feminino na sua estrutura formativo-simbólica e nos seus corpos, cujas bases estão num continuum histórico que as colocam num papel de subalternidade em relação ao Outro, o masculino. As mães dessas meninas debatem-se sobre mixórdias de situações das quais não conseguem sair sem fazer soçobrar a infância das filhas. Partindo desses olhares, este trabalho incursiona pelas temáticas presentes em Meninas, analisando-as a partir das suas infâncias, das suas elaborações simbólicas, dos seus traumas, dos seus desalentos e das suas mães. Discute-se que, nas relações de forças e de poder estabelecidas, elas (mães e filhas) resistem, às suas maneiras, ao não silenciamento das suas vozes, porque querem ser livres. O desejo de liberdade ocorre, outrossim, com as meninas históricas que estão presentes em alguns contos da obra em questão: Carlota Joaquina e Erzsébet Báthory. Em outra dobra da tese, são investigados os diálogos intertextuais e interdiscursivos presentes nas narrativas. Nesse último movimento, deparamo-nos com figuras femininas silenciadas, esquecidas ou incompreendidas historicamente.