Aspectos clínicos e microbiológicos da infecção da corrente sanguínea relacionado ao cateter central de inserção periférica em neonatos críticos

Abstract

Introdução: A infecção primária da corrente sanguínea associada ao cateter venoso central é a principal topografia de infecção relacionada à assistência à saúde em unidades de terapia intensiva neonatais, sobretudo, porque esses pacientes são na maioria prematuros, de baixo peso ao nascer e frequentemente são submetidos a procedimentos invasivos, o que os torna ainda mais suscetíveis à infecção. Com o início da pandemia da COVID-19, ocorreu aumento da demanda de trabalho, da complexidade assistencial e da gravidade dos pacientes acometidos pela COVID-19 em terapia intensiva, tendo impacto significativo na vigilância, no diagnóstico e no aumento das taxas IRAS e resistência microbiana. Objetivo: avaliar os aspectos clínicos e microbiológicos dos neonatos em uso de PICC em cuidados intensivos quanto a ocorrência de infecção primária da corrente sanguínea associada ao cateter, antes e durante a pandemia COVID-19. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva realizada na unidade de terapia intensiva neonatal de um Hospital de Ensino do Distrito Federal. A amostra foi de 169 neonatos, que usaram cateter central de inserção periférica, no período de 2018 a 2021. Os dados foram coletados por meio de um questionário organizado com informações da mãe, do neonato, da internação e dos exames clínicos e laboratoriais do neonato e, em seguida, digitados em uma planilha eletrônica e analisados no software estatístico R (versão 4.1.3), com o nível de significância estatística p ≤ 0,05. Resultados: Dos 169 neonatos, incluíram-se 83 no período pré-pandemia e 86 durante a pandemia, houve predomínio de neonatos do sexo masculino (66,27%) no primeiro período e feminino (52,94%) no segundo período. Mais da metade (54,54%) na pré-pandemia e 59,49% na pandemia tiveram alta da UTI. Foram realizadas 267 hemoculturas, sendo 17,23% positivas, com 61,7% de microrganismos gram positivos, 36,17% gram negativos. Entretanto, ocorreram 16 infecções primárias da corrente sanguínea confirmadas pela CCIH, sendo 50% no período pré-pandemia e 50% no período de pandemia. Os critérios laboratoriais foram utilizados em 9 casos (56,25%) de diagnóstico e os critérios clínicos em 7 casos. A IPCSL, é representada por 66,67% de bactérias gram positivas, com prevalência de SCN (66,67%) e 33,33% de bactérias gram negativas, com prevalência de Klebsiella spp. (50%). Em relação ao perfil ao TSA teve a ocorrência de 1 SCN identificado com perfil de resistência à oxacilina. Em relação as variáveis relacionadas com a IPCS, foi possível verificar a influência do local de inserção do segundo, terceiro e quarto cateter de PICC (p<0,05). Conclusão: A ocorrência e o perfil microbiológico da infecção primária da corrente sanguínea relacionada ao cateter PICC foram similares nos períodos pré e durante a pandemia da COVID-19. A pandemia não teve influência na infecção da corrente sanguínea em neonatos críticos em uso de cateter PICC.