Associação entre dieta e higiene bucal e renda familiar e escolaridade dos pais de bebês : estudo transversal aninhado a uma coorte

Abstract

A alimentação do bebê inicia-se pela amamentação sendo recomendada exclusiva até os seis meses de idade. A partir desse período, realiza-se a introdução alimentar que pode ser influenciada pelas características socioeconômicas, alimentação materna e do núcleo familiar. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a dieta e hábitos de higiene bucal assim como suas associações com escolaridade e renda familiar em bebês aos 6 meses de idade. Para este estudo transversal aninhado a uma coorte de nascimento do Hospital Universitário de Brasília, durante o acompanhamento de seis meses de idade, aplicou-se um questionário para coleta de dados sobre renda familiar e escolaridade, dieta (aleitamento materno, uso de mamadeira, introdução alimentar e do açúcar) e higiene bucal (frequência e tipo de higiene). Os dados foram tabulados em planilha Excel e submetidos a análise estatística descritiva com determinação de frequências relativa e absoluta e teste Quiquadrado para as associações (p<0,05). Dos 383 bebês avaliados, 50,4% eram meninas. A escolaridade do chefe da família e a renda familiar mais prevalentes foram a de ensino médio completo (68,7%) e renda entre dois e quatro salários mínimos (80,8%), respectivamente. O aleitamento materno exclusivo até os seis meses correspondeu a 28,5% e 31,6% dos bebês foram amamentados exclusivamente até os cinco meses. A maioria dos bebês (98,7%) já possuíam alimentos introduzidos em sua dieta e a maior parte deles não consumia açúcar (81,7%). A higiene bucal era realizada em 79,1% da amostra, principalmente pela mãe (68,6%), independente da presença ou não de dentes irrompidos na cavidade bucal. Foi encontrada associação entre a não ingestão de açúcar e uma menor renda familiar (p=0,034) e a ausência de aleitamento materno e uma maior escolaridade do chefe da família (p=0,03). Concluise que houve associação entre uma menor renda familiar e bebês que não consumiam açúcar e uma maior escolaridade materna e bebês que nunca mamaram. A maioria das famílias não seguem as recomendações de aleitamento exclusivo, porém seguem uma dieta livre de açúcar, além de realizar a higiene oral nos bebês aos seis meses de idade.