Resíduos de pesticidas em ervas vegetais : validação de métodos por UHPLC-MS/MS e análise

Abstract

Ervas vegetais são usadas para o preparo de chás e como material para a fabricação de medicamentos fitoterápicos e ambos são muito utilizados pela população. Entretanto, elas podem conter contaminantes e resíduos que podem representar riscos à saúde dos consumidores, portanto, seus níveis devem ser monitorados. Nesse trabalho, métodos por UHPLC-MS/MS para determinação multirresíduo de pesticidas (MMR), etileno-bis-ditiocarbamatos (EBDC, mancozebe e metiram) e seu produto de degradação etilenotioureia (ETU), responsável pela toxicidade crônica dessa subclasse, foram validados em ervas vegetais secas. A extração das amostras no método MMR é feita com acetonitrila (ACN) acidificada, sulfato de magnésio (MgSO4) e acetato de sódio (CH3COONa), e purificação por fase sólida dispersiva com amina primária secundária (PSA). O preparo de amostra no método EBDC inclui a complexação com EDTA em meio alcalino, derivatização em EBDC-dimetil utilizando solução de dimetil sulfato em ACN, seguido de adição de MgSO4 e cloreto de sódio (NaCl) e PSA. No método ETU, as amostras são extraídas com ACN, adicionando L-cisteína, seguido de MgSO4, NaCl e PSA. Mistura de sete plantas (flor, folha, caule e casca) foi usada como controle para a validação dos métodos. Os métodos foram aplicados para análise de amostras de 33 diferentes tipos de ervas. O MMR foi validado para 65 pesticidas e o limite de quantificação (LOQ) variou entre 0,005 e 0,025 mg kg-1; das 75 amostras analisadas, 35% foram positivas (≥ limite de detecção, LOD) para pelo menos um pesticida, sendo o carbendazim (até 1,602 mg kg-1) e o imidacloprido os mais detectados (38,7 e 30,7% das amostras positivas, respectivamente). Mancozebe foi utilizado para validação do método EBDC, com LOQ de 0,03 mg kg-1 (0,02 mg kg-1 CS2); 16,5% das 103 amostras analisadas foram positivas para EBDC (≥ LOD, até 1,05 mg kg-1 ou 0,59 mg kg-1 de CS2). Nenhuma das 89 amostras analisadas para ETU (LOQ de 0,03 mg kg-1) foi positiva. No Brasil, somente dois pesticidas têm registro para uso em ervas vegetais analisadas neste estudo (linuron em camomila e metomil em amora), indicando o uso indevido de pesticidas no campo. A ingestão diária dos pesticidas pelo consumo de chá preparado com as ervas vegetais analisadas variou entre 0,002 µg kg-1 pc (peso corpóreo) (tebuconazol, cáscara sagrada) e 0,8 µg kg-1 pc (carbendazim, camomila), o que não representa risco potencial aos consumidores. Os resultados desse estudo indicam a importância de se analisar ervas vegetais quanto à presença de pesticidas, que não podem ser usados quando a destinação da planta é o preparo de medicamentos.