Avaliação da sensibilidade ao monofilamento e da função sudomotora em uma coorte de adultos com diabetes mellitus do tipo 1

Abstract

Introdução: A neuropatia diabética periférica (NDP) é uma das principais complicações encontradas em indivíduos com diabetes mellitus. A perda de sensibilidade e anidrose estão diretamente associadas ao desenvolvimento de úlceras nos pés, problema que geralmente precede mais da metade dos casos de amputações não traumáticas. Métodos diagnósticos mais sensíveis e menos invasivos para NDP são uma importante estratégia para redução de complicações da doença. Objetivo: comparar os resultados de dois métodos não invasivos de detecção de NDP em pacientes com DM1 e sem sinais clínicos de NPD, antes e após seguimento mediano de 36 meses. Métodos: Trata-se de um estudo observacional longitudinal que analisou a presença de alterações da sensibilidade ao monofilamento e de disfunção sudomotora em uma coorte de pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) sem sinais clínicos de NPD pelo Instrumento de Rastreamento de Neuropatia de Michigan. A sensibilidade ao monofilamento foi analisada por monofilamento de diferentes gramaturas e a função sudomotora foi avaliada pela determinação da condutância eletroquímica da pele (CEP) média dos pés, em dois momentos distintos do seguimento. Resultados: Foram incluídos 30 participantes, com mediana de idade de 27,5 anos, em sua maioria do sexo feminino (76,7%), com tempo mediano de diagnóstico do diabetes de 16 anos, tratados insulinoterapia intensiva (múltiplas doses de insulina, 93,3%). Na primeira avaliação, a frequência de alterações da sensibilidade ao monofilamento foi de 20%, a mediana da CEP foi de 76 µS e a frequência de disfunção sudomotora (CEP < 70 µS) foi de 30%. Após período mediano de 36 meses, na segunda avaliação, observouse redução significativa da CEP (mediana de 68 µS, p<0,05 vs 76 µS), aumento significativo da frequência de disfunção sudomotora (63,3%, p<0,05 vs 30%) e aumento não significativo da frequência de alterações da sensibilidade ao monofilamento (30%, p>0,05 vs 20%). Não foram observadas diferenças entre as características demográficas dos participantes que apresentaram desenvolvimento de disfunção sudomotora em relação àqueles que não apresentaram piora da função sudomotora. Conclusão: Entre 30 pacientes com DM1 sem sinais clínicos de NDP, foi observada redução significativa da CEP após período mediano de 36 meses de seguimento, além de frequência elevada de disfunção sudomotora em avaliação basal e após o período mencionado. A piora da função sudomotora não foi associada a características sociodemográficas ou clínicas analisadas, o que sugere que a avaliação da função sudomotora no seguimento do DM1 pode constituir importante ferramenta para avaliação de NDP nesse contexto.