Comunidade de peixes de poças de maré em um destino turístico costeiro

Abstract

O turismo na natureza contribui para o desenvolvimento social e econômico em paralelo à conservação ambiental, mas o turismo intensivo pode resultar em danos ao ambiente visitado. Embora as pesquisas comparativas entre pontos com e sem turismo tenham aumentado, aspectos específicos dessas interações entre visitantes e organismos, como o efeito da variação no número de turistas ou a importância da estrutura receptiva nos animais, ainda são pouco conhecidos. Neste estudo, avaliamos as respostas das comunidades de peixes em poças de maré com características semelhantes com as intensidades de atividades turísticas em duas praias do Ceará, Brasil, Iparana (turismo menos estruturado) e Flecheiras (turismo mais estruturado) em dia com baixa visitação (LV, durante a semana) e com alta visitação (HV, fim de semana) por meio de censos visuais. Comparamos as respostas das comunidades de peixes entre as praias e o número de turistas na área usando parâmetros comunitários (riqueza, abundância total e diversidade de Shannon). A semelhança entre as comunidades de peixes em poças de maré nos tratamentos foi comparada usando ANOSIM e representada com NMDS com base nos grupos taxonômicos e funcionais tróficos. Os efeitos de variáveis ambientais e antropogênicas nas poças de maré foram fornecidos por uma análise de redundância (RDA) para mostrar as variáveis principais responsáveis pela estrutura da comunidade. A comunidade de peixes em poças de maré divergiu, tanto em termos de parâmetros comunitários quanto de composição funcional trófica, entre as praias de Iparana e Flecheiras, mas não entre os dias HV e LV. Os onívoros foram mais frequentes em Flecheiras, possivelmente devido à alimentação dos peixes pelos turistas. Nosso RDA indicou que a temperatura da água e o número de turistas são as principais variáveis que afetam a comunidade de peixes. A estrutura turística pode sustentar uma comunidade de peixes mais diversificada em Flecheiras, mas nossos tratamentos dias de alta e baixa visitação não mostraram efeito na comunidade de peixes. No entanto, o número de visitantes foi uma das variáveis influentes na RDA. Também registramos os efeitos da alimentação de peixes na presença de onívoros. Controlar o número de visitantes e, especialmente, oferecer uma boa estrutura turística são fatores-chave para o turismo costeiro sustentável.