http://repositorio.unb.br/handle/10482/11617
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2012_ChristianneEvaristoAraujo.pdf | 4,12 MB | Adobe PDF | View/Open |
Title: | A partir das águas : argumentações midiatizadas, resistência popular e a transposição do Rio São Francisco |
Authors: | Araújo, Christianne Evaristo de |
Orientador(es):: | Molina, Mônica Castagna |
Assunto:: | Desvio de águas Movimentos sociais Comunicação de massa - influência |
Issue Date: | 14-Nov-2012 |
Data de defesa:: | 26-Jun-2012 |
Citation: | ARAÚJO, Christianne Evaristo de. A partir das águas : argumentações midiatizadas, resistência popular e a transposição do Rio São Francisco. 2012. 310 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012. |
Abstract: | Grandes projetos infraestruturais em rios, como, transposições, barragens para geração de energia e abastecimento hídrico, têm sido propulsores de conflitos socioambientais em diversas realidades do sistema-mundo capitalista. Contra esses empreendimentos, articulam-se inúmeras redes de resistência antissistêmicas que pretendem com base na participação popular, efetivar a defesa socioambiental de forma indissociável da concretização de alternativas ao modelo capitalista. Essas defesas contribuem para o acúmulo de poder popular, por meio da elaboração e disseminação de ideologias emancipatórias, objetivando a necessária construção da ordem sociometabólica de transição. Tais redes disputam um novo modelo de sociedade em diversos espaços, entre eles o midiático controlado hegemonicamente pelo poder dominante. Um caso específico desse contexto é a transposição do rio São Francisco, situada no Nordeste brasileiro: obra de maior porte infraestrutural iniciada no governo Lula e objeto de intensa midiatização. Contra a obra, convergiram diversas ações coletivas fruto da união entre movimentos sociais, como, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entidades religiosas, etnias indígenas e comunidades quilombolas. Essas forças sociais conformaram a rede de resistência popular contra a transposição do rio São Francisco, constituindo uma articulação sem precedentes em termos de diversidade social contra uma obra estatal no Brasil. Seu ciclo de mobilizações teve pico de efervescência entre 2005 e 2007, sofrendo um refluxo em 2008, com o avanço do empreendimento, então, liderado pelo Exército. Nesse contexto, esta tese foi motivada pela seguinte pergunta: de que forma discursos veiculados pela Folha de S.Paulo retrataram a rede de resistência popular contra a transposição do rio São Francisco, no período de 2005 a 2007? A metodologia utilizada foi a análise de discurso com base em referentes imagéticos e textuais da Folha de S.Paulo, interessando compreender por quais mecanismos ideológicos, isto é, por quais estratégias de construção simbólica a resistência popular foi retratada pelo Jornal. A pesquisa verificou que 61,5% das reportagens do Jornal sobre a transposição foram elaboradas de forma a noticiar centralmente ações da rede de resistência. Entretanto, nas capas, fotografias, reportagens e editoriais, notou-se que, em grande medida, essas publicações ocultaram a diversidade de atores sociais da rede de resistência, bem como, as suas propostas socioambientais e alternativas à transposição. Outra estratégia utilizada foi a de ridicularizar e/ou minimizar a importância política das lideranças e da organização da resistência. Comumente, as mobilizações foram simbolizadas como atos violentos vinculados a vandalismos, a invasões ou representadas em oposição a forças militares. Percebe-se que a busca desses atores por participação política emancipatória foi bastante deslegitimada pelo Jornal, e seus argumentos voltados à defesa ambiental e dos direitos humanos, foram silenciados ou descaracterizados das propostas originais. Todavia, cabe considerar diferenças no interior do Jornal, visto que a maioria dos autores dos artigos de opinião se posicionou contra a obra e/ou favorável à rede de resistência. |
Abstract: | Big infrastructural projects on rivers, such as transposition, dams for energy generation and water supply have been propellers of conflicts in diverse realities of the capitalist world. Many anti-systemic resistance networks are articulated against these enterprises. Based on popular participation, they intend to create socio-environmental defences in an inseparable way from the implementation of alternatives to the capitalist model. Such defences contribute for the accumulation of popular power through the elaboration and dissemination of emancipating ideologies, seeking the necessary construction of the socio-metabolic order of transition. These networks fight for a new model of society in many spaces, among which the media one, controlled in a hegemonic way by dominant power. The transposition of the river São Francisco, located in the Northeast of Brazil, is a specific case of this context, the biggest infrastructural work that began in Lula's government and strongly highlighted by the media. Many collective actions against the work emerged, uniting social movements such as the such as the Movement of the People hit by Dams (MAB), the Landless Movements (MST), religious entities, indigenous ethnic groups and quilombola communities. They built the resistance network against the transposition of the river, with a pioneer diversity against a State construction in Brazil. This mobilization cycle had its effervescence between 2005 and 2007, retreating in 2008 due to the progress of the work leaded by the Army. In this context, this thesis was motivated by the following question: in what way did discourses propagated by Folha de S.Paulo portrait the popular resistance network against the transposition of the river São Francisco, in the period of 2005 to 2007? The methodology used was the analysis of discourse based on image and textual references of Folha de S.Paulo, seeking to understand through which ideological mechanisms, that is, through which strategies of symbolic constructions popular resistance was portrayed by the newspaper. The research verified that 61,5% of the news on the transposition in the newspaper were formulated in order to present centrally actions of the resistance network. However, it was observed that in the covers, pictures, articles and editorials, these publications concealed the diversity of the social actors within the network, as well, as their socio-environmental proposals and alternatives to the transposition. Another strategy that was used was to ridicule or to minimize the political importance of leaderships and organization of the resistance set. The mobilizations were portrayed generally as violent acts connected to vandalism, invasions or represented in opposition to military forces. One notices that the search of these actors to emancipating political participation was discredited by the Newspaper, and the arguments about environmental and human rights defence were silent or misrepresented from the original proposals. However, it is important to consider differences within the newspaper, for the majority of the authors of opinion sections were positioned against the work and/or supporting the resistance network. |
Résumé: | De grands projets d'infrastructure sur les rivières, tels que des transferts des eaux, des barrages pour la production d'électricité et l'approvisionnement en eau, ont été les moteurs de conflits environnementaux dans différentes réalités mondiales du système capitaliste. Face à ces entreprises, plusieurs réseaux anti-systémiques se sont articulés pour résister à ceux-ci. Fondés sur l’exercice de la participation populaire, ils prétendent développer des plaidoyers socio-environnementaux de manière indissociable à la mise en œuvre de solutions alternatives au modèle capitaliste. Ces plaidoyers contribuent à l'accumulation du pouvoir populaire, à travers l’élaboration et la diffusion d’idéologies émancipatrices, en recherchant des constructions nécessaires d’une transition d’ordre socio-métabolique. Ces réseaux luttent pour un nouveau modèle de société dans plusieurs domaines, y compris dans celui des médias contrôlés de manière hégémonique par le pouvoir dominant. Un cas particulier dans ce contexte est celui du transfert d’une partie des eaux du fleuve Sao Francisco, situé dans le nord-est du Brésil: les grandes travaux d'infrastructure ont été commencés par le gouvernement Lula et sont l'objet d’une intense couverture médiatique. En opposition à ce projet, plusieurs actions collectives ont convergé en représentant le résultat de l'union entre les mouvements sociaux, tels que le Mouvement des Affectés par les Barrages (MAB), le Mouvement des Travailleurs Ruraux Sans Terre (MST), des organisations religieuses, des groupes autochtones et des communautés de marrons. Ces forces sociales ont mis en place un réseau de résistance populaire contre le transfert partiel des eaux du fleuve Sao Francisco, en formant une articulation sans précédent en termes de diversité sociale allant à l'encontre d’un chantier d’État au Brésil. Son cycle de mobilisations a atteint un pic d’effervescence entre 2005 et 2007, avant de connaître un reflux en 2008, avec l'avancement de l'entreprise alors dirigée par l'armée. Dans ce contexte, cette thèse a été motivée par la question suivante: comment les discours véhiculés par le journal Folha de São Paulo dépeignent-ils le réseau de résistance populaire contre le transfert partiel des eaux du fleuve Sao Francisco, au cours de la période de 2005 à 2007? La méthodologie utilisée a été celle de l'analyse du discours basé sur les références pictographiques et textuelles de Folha de São Paulo, en s’intéressant à la compréhension de mécanismes idéologiques, c'est-à-dire aux stratégies de construction symbolique de la résistance populaire décrite par le journal. La recherche a révélé que 61,5% des reportages journalistiques sur ce grand chantier de transfert des eaux ont surtout été élaborés pour rendre compte des actions du réseau de résistance. Toutefois, sur les couvertures et les photographies, dans les articles de presse et éditoriaux, on remarque qu’en grande partie ces publications ont dissimulé la diversité des acteurs sociaux du réseau de résistance, ainsi que leurs propositions sociales, environnementales et alternatives au transfert des eaux vers des canaux. Une autre stratégie a été celle de ridiculiser et/ou de minimiser l'importance du leadership politique et de l'organisation de la résistance. Régulièrement, les manifestations ont été symbolisées par des actes de violence liés au vandalisme, aux invasions ou ceux représentés à l'encontre de l'armée. On note que la quête de participation politique émancipatrice émanant des acteurs a été très délégitimée par le journal, et leurs arguments axés sur la protection de l'environnement et es droits de l’Homme ont été réduits au silence ou falsifiés à l’égard des propositions originales. Cependant, il convient de tenir compte des différences au sein du journal, puisque la plupart des auteurs des articles d'opinion était opposés au chantier et/ou favorables au réseau de résistance. |
metadata.dc.description.unidade: | Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) |
Description: | Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2012. |
metadata.dc.description.ppg: | Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável |
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