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Título: A configuração institucional da responsabilidade social empresarial nas relações capital/trabalho : empresas multinacionais de mineração no Brasil e no Canadá
Autor(es): Lamontagne, Annie
Orientador(es): Balestro, Moisés Villamil
Assunto: Responsabilidade social da empresa
Empresas multinacionais - indústrias de minerais - Canadá
Empresas multinacionais - indústrias de minerais - Brasil
Data de publicação: 18-Mai-2015
Referência: LAMONTAGNE, Annie. A configuração institucional da responsabilidade social empresarial nas relações capital/trabalho: empresas multinacionais de mineração no Brasil e no Canadá. 2015. 248 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Sociais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Resumo: A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) alimenta o debate sobre o crescente papel econômico e político das empresas multinacionais (EMN) na sociedade e sobre os interesses que estão em jogo. Esta tese propõe entender as práticas de RSE e sua institucionalização com base em múltiplas lógicas em ação com atores imbricados nos contextos institucionais. A governança corporativa e os recursos humanos são duas áreas de superposição dos níveis nacionais e internacionais. No entanto, as práticas internas de RSE foram pouco estudadas em relação às externalidades causadas pelas EMN, particularmente, por EMN de economias em desenvolvimento com subsidiárias em países desenvolvidos. A pesquisa empírica foi conduzida no Brasil e no Canadá, com duas EMN de mineração – Kinross Gold e Vale – presentes em ambos os países em foco, a fim de comparar os processos de adoção e de incorporação da RSE interna nesses países e corporações. A perspectiva das Lógicas Institucionais forneceu uma abordagem sistemática para a análise da heterogeneidade cultural nos países de operação e para a compreensão das ordens institucionais em jogo na institucionalização da RSE nas relações capital/trabalho. Com a abordagem das Lógicas Institucionais, esta tese revela as configurações institucionais da RSE interna em cada país mediante diversas conjunturas críticas, tais como o processo de adoção e de implementação da RSE, a crise financeira, as relações trabalhistas e a segurança no trabalho. As lógicas de mercado e da corporação são alteradas, em circunstâncias específicas, pelas lógicas profissional, estatal e comunitária. Um achado da pesquisa aponta os instigadores das mudanças institucionais relacionadas à RSE, entre eles, a incorporação dos relatórios de RSE nas bolsas de valores, levando a lógica de mercado a assimilar o vocabulário das práticas de RSE da lógica comunitária. Eventos críticos, como acidentes fatais, crises financeiras e greves também provocaram mudanças, geralmente, reforçando a lógica corporativa dominante, no caso da Vale. Entretanto, em saúde e em segurança no trabalho, a configuração institucional da RSE interna no Canadá impulsou o blending da lógica profissional, sustentada pelo knowhow dos sindicatos, objetivando reverter uma série de fatalidades. Outro achado se refere à assimetria de poder em favor das EMN, que chama para sua maior responsabilidade mediante práticas simbólicas e materiais. As relações de poder são escamoteadas nos discursos e nas práticas de RSE, e os empregados e o governo adquirem o mesmo status do empresário/produtor como responsáveis pelo futuro do planeta e pela salvação da vida. A RSE se apresenta, assim sendo, no centro das complementaridades e das contradições de múltiplas lógicas institucionais. Enquanto as lógicas de mercado e da corporação mantiverem sua dominância, prevalecerão abordagens centradas na corporação com as correspondentes contradições em relação aos trabalhadores e aos territórios onde operam.
Abstract: Corporate social responsibility (CSR) is the subject of much debate around the growing economic and political role of multinational corporations (MNCs) in society and whose interests are at stake. This dissertation argues that the institutionalization of CSR practices is the result of interplay between the multiple logics that frame the actions of actors embedded in institutional contexts. Corporate governance and human resources are two areas where local and international concerns overlap. However, internal CSR practices have received less scholarly attention than the externalities of MNCs, especially for MNCs from developing economies with subsidiaries in advanced developed economies. The empirical research for this study was conducted in Brazil and Canada, focusing on two mining MNCs operating in both countries (Kinross Gold and Vale), in order to compare the process of development and incorporation of internal CSR policies within these corporations and into their activities in these countries. The adoption of an institutional logics perspective ensured a systematic approach to the analysis of cultural heterogeneity in countries of operations and to understanding the institutional orders at play in the institutionalization of CSR in capital and labor relations. In taking an institutional logics approach, this dissertation reveals the institutional configurations of internal CSR in each country and at different critical junctures, such as the process of CSR adoption and implementation, financial crises, industrial relations and safety at work. Dominant corporate and market logics are altered in specific circumstances by professional, community and state logics. One finding is that the main drivers of institutional change with regards to CSR in MNCs was the incorporation of CSR reporting at stock exchanges, which had the effect of assimilating into market logic a vocabulary of practice based in community logic. Critical events such as fatal accidents, financial crises and strikes also instigated change, mostly reinforcing the dominant corporate logic. At Vale, in the critical area of health and security, the institutional configuration of internal CSR in Canada allowed for a blending of corporate and professional logic – the latter stemming from union expertise – to bring an end to a string of workplace fatalities. Another finding is that the power asymmetry, which works to the advantage of MNCs, means that they bear a greater share of responsibilities, be they in the form of material and symbolic practices. Power relations are often overlooked in CSR discourses and practices, which attributes to employees and governments the same status as that of the owners/producers, in this way assigning them equal responsibility for the well-being of the planet and the protection of human lives. Even strong labor unions that are located in regions that are particularly strategic for the extraction and transportation of natural resources do not possess the means to effectively oppose MNCs. Internal CSR therefore integrates the complementarities and contradictions of multiple institutional logics. As long as corporate and market logics continue to dominate, approaches to CSR will remain firm-centered and rife with contradictions with regards to a corporation’s workers and the territories in which it operates.
Résumé: La responsabilité sociale des entreprises (RSE) alimente le débat sur le rôle économique et politique grandissant des entreprises multinationales (EMN) dans la société, ainsi que sur les intérêts qui entrent en jeu. Cette thèse cherche à comprendre les pratiques de RSE et leur institutionalisation à partir de logiques d’action multiples, activées par des acteurs intégrés à leur contexte institutionel. Les domaines de la gouvernance d’entreprise et des ressources humaines se superposent aux niveaux nationaux et internationaux. Malgré cela, les pratiques internes de RSE sont peu étudiées em comparaison avec les externalités négatives des EMN, particulièrement dans le cas des EMN de pays en développement avec des filiales établies dans des pays développés. La recherche empirique s’est déroulée au Brésil et au Canada, centrée sur deux EMN du secteur minier (Kinross Gold et Vale), qui opèrent dans les deux pays mentionnés, afin de comparer les processus de développement et de mise en oeuvre de la RSE interne dans ces pays et entreprises. La perspective des logiques institutionnelles fournit une approche systématique à l’analyse de l’hétérogénéité culturelle des pays d’opérations minières et à la compréhension des ordres institutionnels en jeu lors de l’institutionalisation de la RSE interne dans les relations capital/travail. Grâce à cette approche, la thèse révèle les configurations institutionnelles de RSE interne dans chaque pays par le biais de diverses conjonctures critiques reliées au développement et à la mise en oeuvre de la RSE, les crises financières, les relations industrielles et la sécurité au travail. Les logiques du marché et de l’entreprise sont altérées, dans des circonstances particulières, par les logiques professionnelle, étatique et communautaire. Une constatation de la thèse identifie les facteurs instigateurs de changement institutionnel touchant la RSE, telle l’incorporation de rapports de RSE aux résultats divulgués par les marchés boursiers, cela ayant pour effet une assimilation du vocabulaire des pratiquse de RSE de la logique communautaire par la logique du marché. Des événements critiques, tels que des accidents mortels, des crises financières ou des grèves provoquent des changements, de façon générale renforçant la logique de l’entreprise. À la Vale, dans le domaine de la santé et sécurité au travail, la configuration interne de RSE représente une combinaison de la logique de l’entreprise avec la logique professionnelle – cette dernière appuyée sur l’expertise des syndicats – dans le but de mettre fin à une série d’accidents mortels. Une autre conclusion de la thèse se rapporte à l’assymétrie de pouvoir en faveur des EMN, qui les conduit à endosser une majeure part de responsabilité, que ce soit par des pratiques matérielles ou symboliques. Les relations de pouvoir sont escamotées lors de discours e de pratiques de RSE, de ce fait attribuant aux employés et au gouvernement le même statut que le propriétaire/producteur, responsable de la gestion durable des ressources naturelles et de l’intégrité physique des travailleurs et populations concernées. La RSE se trouve donc au centre des complémentarités et des contradictions suscitées par les multiples logiques institutionnelles. Tant que les logiques de marché et de l’entreprise maintiendront leur domination, les recherches sur la RSE seront aussi centrées sur l’entreprise, sans affronter directement les contradictions qui en découlent pour les employés et les territoires où les EMN s’établissent.
Informações adicionais: Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Sociais, Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas, Programa de Pós-Graduação sobre as Américas, 2015.
Licença: A concessão da licença deste item refere-se ao termo de autorização impresso assinado pelo autor com as seguintes condições: Na qualidade de titular dos direitos de autor da publicação, autorizo a Universidade de Brasília e o IBICT a disponibilizar por meio dos sites www.bce.unb.br, www.ibict.br, http://hercules.vtls.com/cgi-bin/ndltd/chameleon?lng=pt&skin=ndltd sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o texto integral da obra disponibilizada, conforme permissões assinaladas, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.
DOI: http://dx.doi.org/10.26512/2015.03.T.18189
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