Intencionalidades e efeitos da autoavaliação institucional na gestão de uma universidade multicampi

Abstract

Este estudo voltou-se para a autoavaliação institucional, componente do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), e teve como objetivo compreender os efeitos decorrentes da adesão da Universidade Estadual de Goiás (UEG) à política de avaliação, e suas implicações como mediação para a busca da qualidade. O referencial teórico utilizado buscou as concepções sobre o Estado, principalmente as reflexões marxistas e weberianas, possibilitando o entendimento do Estado avaliador e a construção da política pública de avaliação no contexto da regulação e do controle, contrapondo-se ao processo avaliativo formativo para a busca da qualidade. O estudo analisou o processo de autoavaliação da UEG entre 2008 e 2013, considerando as características da instituição na qual a política de avaliação do Sinaes tem se materializado e sondou os sentidos e significados atribuídos pela comunidade acadêmica dos onze campi investigados ao processo avaliativo, frente ao planejamento da instituição. Para a completude e melhor alcance do objetivo geral, procurou conhecer os avanços ocorridos no meio acadêmico decorrentes dos resultados apontados nos relatórios dos processos avaliativos. Optamos pelo estudo de caso, ao focalizar o fenômeno que ocorre em uma Instituição de Educação Superior (IES) como possibilidade de revelação de perspectivas que ainda não foram desveladas. Individuamos a necessidade de estratégias para a construção da investigação empírica em um contexto real, com a utilização de entrevistas, questionários abertos, semiabertos e fechados, além de observações que ocorreram durante toda a trajetória deste estudo. Para o conhecimento do movimento histórico advindo do processo de autoavaliação, utilizamos o método materialismo histórico dialético propiciado pelas categorias metodológicas: contradição, mediação e totalidade. Os sentidos e significados do processo de avaliação interna que, por sua vez, se desmembraram na gestão, cultura da autoavaliação, uso dos resultados foram evidenciados como categorias de conteúdo. Ao longo da pesquisa foram utilizadas as manifestações da: administração central; Comissão Própria de Avaliação (CPA); gestores; docentes; discentes; e técnicos administrativos, cuja finalidade foi apreender conhecimentos que sinalizassem a visão da totalidade da UEG. Diante das análises e interpretação dos dados, confirmou-se a tese de que a autoavaliação institucional ainda tem muito a avançar, a partir da utilização dos resultados gerados pelo processo avaliativo, que oferecem todas as condições para as tomadas de decisão que possam convergir em melhorias para a IES. Contudo, os dados empíricos demonstraram, notadamente, a falta de compromisso dos gestores para com o processo avaliativo e o não uso dos resultados, muito embora seja nítido que a CPA se esforce para bem desempenhar aquilo que lhe compete que é a coordenação da avaliação interna. A UEG aderiu ao Sinaes e realiza anualmente a coleta de informações sobre as dimensões que envolvem a instituição, utilizando os princípios norteadores, no entanto, como cumprimento do caráter regulatório em detrimento do processo formativo, caracterizado pela não ação dos gestores diante do autoconhecimento institucional. Percebe-se também que cabe, sobretudo, a esse segmento, o alargamento da cultura avaliativa. Enfim, houve a intencionalidade de trazer contribuições no que diz respeito à avaliação interna de uma instituição estadual e multicampi e os efeitos dos seus resultados.