A tv da Xuxa

Abstract

O trabalho contempla o estudo o estudo do programa infantil de maior audiência na tv brasileira no período de 1987 a 1992, o programa "Xou da Xuxa". Transmitido diariamente pela maior rede de televisão do país, inaugura uma forma de fazer televisão para crianças condicionando sua existência e sucesso a uma relação estreita com a indústria do lazer e do consumo infantil. Ao mesmo tempo, ele se conforma num ritmo agitado, aconcorado numa loira sensual, que foi transportada de revistas de prazer masculino para a tela da TV. Procuramos analisar como se efetua a representação do feminino, através da imagem e modelo de mulher proposto no programa, e ainda, que condições do social "sugerem" e ou possibilitam a construção desta imagem e da própria representação. A partir da identificação de um campo de ambiguidades e conflitos na transformação dos papéis sexuais nas sociedades contemporâneas, procuramos analisar o comportamento da TV, no atendimento a demandas simbólicas geradas por esse processo social, partindo do entendimento de que os meios de comunicação incorporam e estruturam as representações coletivas. O estudo do programa faz uma análise da imagem, nas suas representações do próprio público e do tratamento que outros veículos de comunicação fornecem a estas representações. O trabalho foi centrado na análise cultural efetuada pelos "Estudos Culturais" (Cultural Studies) que concebem a cultura como uma arena de luta constante por significados entre os grupos que detêm o poder e aqueles que lutam pelo poder; e a mídia e a linguagem como desempenhando um papel crucial na construção de sentidos na medida em que fazem parte das relações sociais e experiências culturais vivenciadas pela sociedade contemporânea. As conclusões indicam que houve uma mudança substantiva na concepção da infância e criança na mídia, tornando a primeira mercadoria e a segunda, como um agentes de consumo. Na que tange a representação do feminino, a análise indica que o modelo proposto pelo programa, desdobrado em vários signos compartilhados por adolescentes de uma geração, é elaborado a partir de um ponto de vista adulto e masculino, acelerando a sexualidade e o ingresso precoce do adolescente no mundo adulto. Ainda, demonstra como a ambigüidade e polissemia do discurso do programa permitem múltiplas intersecções com as mudanças recentes operadas na família especialmente no que tange ao papel da mulher, na escola e na própria concepção dos jovens dos anos 90.